Apesar de ter morado muitos anos em Goiás e parte desse tempo em Goiânia, pertinho de Brasília, eu ainda não conhecia nossa capital. Nunca tinha me aparecido nenhum motivo para visitá-la. Tem gente que acha que conhecer a capital do próprio país é quase um dever cívico, mas, sejamos sinceros, o Brasil tem lugares muito mais interessantes! Só que nos últimos anos vários amigos meus se mudaram para lá, então eu não tinha mais desculpas! E aproveitando que nas minhas últimas férias eu estaria em Goiânia, tirei um fim de semana para rever alguns amigos e suprir essa lacuna no meu currículo. A viagem começou na escolha do ônibus. Acho melhor contar tudo aqui, porque eu achei difícil achar as informações na internet. As duas empresas que eu descobri que fazem a rota Goiânia-Brasília são a Viação Araguarina e a Viação Goiânia, mas na verdade elas compartilham a rota, então não há concorrência. Nenhuma delas vende passagem pela internet e no site da Viação Araguarina não há sequer os horários dos ônibus. Pra tirar as dúvidas tem que ser pelo telefone mesmo.
Há ônibus direto/executivo e pinga-pinga/convencional. A maioria pára (não consigo escrever essa palavra sem acento…) na Rodoferroviária e os poucos que param na rodoviária do Plano Piloto são convencionais. Eu queria descer no Plano Piloto e me convenci de que o convencional não deveria ser muito ruim, mas me enganei. A viagem de pouco mais de 200 km durou mais de 4 horas e o ônibus era bem ruim: o banco não reclinava, o cinto de segurança não funcionava… Na volta eu já tinha aprendido a lição e viajei no executivo. Muito melhor!
A minha anfitriã e guia nessa viagem foi a Renata, uma das três colegas de sala que eu tive na faculdade (já contei que eu fiz Engenharia, né?) e que se mudou pra Brasília há cerca de um ano. O primeiro destino, já na sexta-feira à noite, foi um rodízio de tapioca do qual ela já tinha me falado muito bem, no Brasil Vexado. O preço era ótimo: R$ 13,90 para escolher à vontade dentre as opções de tapioca e pizzoca (uma espécie de pizza com massa de tapioca, como o nome sugere) disponíveis no cardápio. Só que o que tinha nos motivado a ir até lá era uma tapioca doce em que a calda de chocolate era servida separada em uma quantidade bem generosa para ser despejada no prato… Mas esse item tinha sido retirado do cardápio e a decepção foi tão grande que o resto da comida até ficou menos apetitoso. :-(
No dia seguinte levantamos cedo para fazer alguns passeios “obrigatórios”. Começamos pela Catedral, mas eu estou começando a descobrir um certo padrão em minhas viagens. Eu tenho uma certa tendência a encontrar os lugares em reforma. Em Brasília aconteceu com a Catedral e com o Palácio do Planalto. Eu fico feliz que as construções sejam restauradas, sei que daqui a pouco estará tudo novinho, mas justo quando EU estou lá elas precisam estar cobertas por tapumes? ;-)
De lá seguimos para o Congresso Nacional. Vendo na tv ou em fotos eu sempre achei aquela construção bem sem graça. Sem contar que o estilo de Oscar Niemeyer nunca foi meu preferido. Só que estando ali, de frente para aquelas linhas aparentemente sem nada de especial, minha impressão mudou. O contraste do azul do céu (e como é azul o céu de Brasília!) e do verde da grama com a cor fria dos prédios tem algo especial. Achei a paisagem linda!
Infelizmente não temos muito do que nos orgulhar quando nos lembramos do que acontece lá dentro, mas eu não estava ali para pensar em política. Aproveitamos a visita guiada para conhecer o interior do prédio e nesse dia apenas a Câmara estava acessível. Não achei muito interessante porque na verdade foi mais uma aula sobre processo legislativo e, como eu disse, não era bem o que eu estava querendo. A Renata já tinha ido lá antes e disse que há dias melhores.
Muita coisa eu vi apenas do lado de fora, como este Museu, que, apesar de combinar com restante da arquitetura, foi construído há pouco tempo… … e também o Palácio da Justiça e o STF. Este último me decepcionou um pouquinho. Um órgão tão importante e com um prédio tão singelo! Mas tudo bem, são apenas 11 ministros, eles não devem precisar de tanto espaço. ;-)
Achei a região do Eixo Monumental bem bonita e, ao contrário do que eu imaginava, bem verde. É claro que as chuvas que caíram poucos dias antes de eu chegar colaboraram para deixar a grama verdinha, mas ainda assim senti falta de árvores nessa região. Talvez seja para não atrapalhar a vista, para que possamos enxergar longe naquela região tão plana. Pelo menos o restante do Plano Piloto me pareceu bastante arborizado.
Achei a mesma coisa da Praça dos Três Poderes. Não sei qual é a definição do dicionário, mas para mim praça tem que ter verde, sombra, lugares para sentar. Acaba sendo um lugar em que a gente só passa e tira uma foto mesmo, porque não tem nem uma sombrinha onde possamos nos refrescar…
O acesso para pedestres nessa região é um problema. Estacionamos o carro e planejamos percorrer os lugares mais próximos a pé, mas não foi uma boa ideia. Às vezes não tínhamos uma calçada ou algo parecido por onde andar e atravessar as ruas, mesmo no fim de semana em horário tranquilo, não era tarefa fácil.
Quando já não aguentávamos mais o sol quente sobre nossas cabeças, fomos almoçar. A Renata também é vegetariana e quando estamos juntas podemos aproveitar para ir aos lugares para os quais nem sempre temos companhia. Fomos ao Bardana, na Asa Sul, e eu super recomendo! Apesar de não ser exclusivamente vegetariano, a grande maioria dos pratos não leva carne. O ambiente é bem legal e a comida é uma delícia.
Outro lugar que recomendo é onde fomos lanchar mais tarde, o Café Bem Casado, na Asa Norte. Tudo que experimentei estava delicioso, além de barato. No site há o cardápio com os preços, coisa bem rara de se encontrar.
No dia seguinte voltamos à Esplanada dos Ministérios para corrigir uma falha. No sábado tínhamos passado pelo Palácio do Itamaraty, mas ainda não estava aberto e mais tarde nos esquecemos dele. Depois outra amiga minha que também se mudou pra Brasília, a Maria Amélia, disse que essa visita era imperdível, então resolvemos voltar no domingo. E valeu muito a pena! Ele acabou se tornando o meu prédio preferido dentre os que visitei em Brasília.
A construção é marcada por espaços amplos e que parecem ainda maiores por estarem praticamente sem móveis. Ao longo de seus três andares estão algumas obras de artes, telas de Portinari, tapetes enormes e até um jardim tropical projetado por Burle Marx. Acho que daqui a alguns anos talvez alguém possa ter a idéia de transformá-lo em um museu de verdade e assim ele ficaria ainda mais interessante!
Pra completar a parte histórica de Brasília, fomos ao Memorial JK. Esse foi o único lugar em que paguei para entrar (R$ 4,00), pois o memorial é mantido pela família do ex-presidente, então passear em Brasília pode sair até bem barato.
O Memorial, também projetado por Niemeyer, é moderno e dentro dele estão pedacinhos da vida de Juscelino Kubitschek: roupas, objetos pessoais, fotos, cartas e até seu corpo foi transferido para lá. Conhecer a história de JK ali dentro foi como relembrar as aulas de história na escola. E como eu estive há pouco tempo em Diamantina, inclusive na casa em que ele morou, as histórias estavam bem frescas na minha cabeça.
A foto abaixo, tirada em frente ao Memorial, me lembrou esse post do Matraqueando. Como a Sílvia diz, quem é que viaja e não tira uma dessas fotos? De preferência quando não há mais ninguém por perto…
O fim de semana foi muito curto pra tudo o que Brasília oferece. Ao contrário do que eu pensava, dá pra “turistar” bastante por lá. Ficaram de fora muitas coisas que eu queria ver, muitos restaurantes em que eu queria comer… Não fui a nenhum parque, não subi na torre de tv, não fui ao lago durante o dia. Sem contar que vou ter que voltar à Ponte JK mais cedo ou pelo menos com uma máquina que tire fotos melhores à noite…
Então, Renata, com tanta coisa ainda pendente, pode ir desenvolvendo o guia “Brasília 2.0” pra minha próxima visita, por favor! E Maisa, faça o favor de estar aí nessa próxima vez!
Luisa, às vezes a gente só tem que mudar o foco para conseguir olhar uma cidade com outros olhos, né? Beijos!
Camila,
Eu tenho parentes em Brasilia e costumava ir com frequencia para a capital só para visità-los mesmo. Nunca tinha pensado na cidade como um possivel destino turistico…
Só no ano passado, quando fui levar meu futuro marido gringo para conhecer essa parte da minha familia, è que me dei conta do quao interessante é Brasilia!
Adorei teu relato!
Bjs
Arthur, sabe que eu gostei de Brasília logo de cara? Não sei sei eu gostaria de morar lá, mas achei a proposta da cidade bem interessante!
Apesar dos pesares que rondam por lá, vale muito a pena conhecer a capital do nosso país, é só abstrair certos "indivíduos". Eu estou para postar até hoje fotos de uma viagem que eu fiz a trabalho em 2005. Adorei a cidade, e o engraçado é que ela me conquistou aos poucos: quando cheguei, detestei. Três dias depois, sofri uma epifania e passei a admirar Brasília.
Bjs!
Patricia, eu vi até muitos turistas em Brasília e a maioria estrangeiros. Eu só pensava "O que essas pessoas vieram fazer aqui?" hehe
Margarida, é que nós temos lugares mais bonitos, né? :D Mas ainda assim acho que é interessante conhecer a capital de um país, ainda mais que Brasília é bem diferente do restante das nossas cidades.
Fê, realmente Niemeyer está por todo lugar! Você vai até se lembrar de BH algumas vezes. ;-)
Carla, eu esqueci de mencionar isso no post! Acho que pra conhecer Brasília é melhor estar com alguém que conheça bem a cidade, porque até pegar o jeito é bem fácil ficar perdido por lá.
Carol, tem que ser como a Carla e eu fizemos: quando aparecer o motivo, não perca a chance! Quanto ao calor, não é muito diferente daqui não… :-(
Eduardo, o prédio é muito pequenininho… :p
Camila.
Nunca me imaginei em Brasília. Também nunca tive a oportunidade (ou motivos) que me fizessem ir até lá. Mas acho que com certeza eu me impressionaria. Dizem que a terra é bem vermelha… e quente pra xuxu!!
Beijos
Sabe que já fui a Brasília…pra uma festa…foi aquela viagem Vamos? Vamos!
Foi ótimo…fiz um tour desses de carro em um dia…com uma chuvinha nos acompanhando…
Adorei entender como "funciona" a cidade…o que é aonde…o plano piloto enfim
Acho que estar com mil pessoas que moram lá tornou tudo mais fácil…e acho que se nunca iria a Brasília de bobeira a turismo não…mas meu final de semana lá foi bem legal.
Beijo,
CarlaZ
Nossa, ainda não conheço Brasília!! Parece linda, cheia de obras geniais de Niemeyer!!
Quero muito conhecer ainda!! :)
Grande beijo
Fê
Viaggio Mondo
Que isso! O predinho do STF é legal!
Finalmente fico a conhecer um pouco mais de Brasília…é que nas revistas e guias que aparecem aqui em Portugal sobre destinos no Brasil é muito raro falarem sobre a capital!
As fotos estão óptimas,mesmo as nocturnas…afinal a máquina é boa…hehe
beijos
Meu marido é louco para ir a Brasilia, já guardei teu post! Eu também adoro tirar estas fotos meio "queima-cara", o Tom que fica bem envergonhado! (hehehe)
Beijos