Mãe Rússia

Mãe RússiaA Rússia estava no meu imaginário há bastante tempo e provavelmente no da maioria das pessoa que gostava das aulas de História na escola. Impossível não se intrigar pelo país com a maior extensão territorial do mundo, protagonista de inúmeros fatos históricos, terra natal de alguns dos maiores escritores, sede de companhias de balé e teatro de renome mundial, tão longe e diferente do nosso. A língua, totalmente incompreensível e representada por caracteres ainda mais indecifráveis, aumenta o mistério que envolve o país, fechado ao turismo durante as décadas da Guerra Fria. A abertura recente ainda desperta receios, mas quem se dispõe a enfrentá-los tem como recompensa uma experiência única.

Meu fascínio pela Rússia começou quando eu estava na faculdade. O terceiro andar da biblioteca da UFU era meu espaço preferido na universidade. Eu passava reto pelos livros de exatas e ia para as prateleiras repletas de clássicos. Quem olhasse minha ficha de empréstimos jamais imaginaria que eu cursava Engenharia Elétrica. Mas como ignorar aquelas estantes? Passeando por elas eu sempre encontrava ótimas surpresas.  Como eu tenho a mania de anotar nome e data dos livros que leio, sei que foi em 2006 que tudo começou. O livro era antigo, daqueles que nos fazem espirrar ao folhear suas páginas. As folhas amarelas e desgastadas denunciavam que aquelas linhas já tinham sido percorridas por muitos outros olhos. O título em questão era Anna Karenina, meu primeiro contato com a bela e rica literatura russa. Depois de Tolstói vieram diversos outros autores e a lista de livros russos que ainda quero ler aumenta a cada dia. Sem contar os escritores de outras partes do mundo que também falam sobre o país. É uma fonte inesgotável de inspiração!

Livros russos na estante

A imersão na literatura russa fez com que eu sonhasse durante muito tempo em conhecer de perto a cultura do país. Só que a Rússia que eu “conhecia” ainda estava na era pré-Revolução. Os czares se mantinham no poder, a maioria da população vivia na zona rural e os mujiques enfrentavam a pobreza no campo, enquanto a aristocracia russa se dividia entre Moscou e São Petersburgo. Eu não sabia o que esperar da Rússia de hoje, após um século de mudanças profundas que deixaram muitas marcas em seu povo.

É claro que não ouso dizer que conheci a Rússia. Estive apenas em São Petersburgo, a mais europeia de suas cidades. Dizem até que o último czar, Nicolau II, afirmou que “São Petersburgo é na Rússia, mas não é russa”. Ainda assim, ou talvez por isso mesmo, minha expectativa era enorme. Percorrer as ruas e palácios mencionados nos romances que li seria um sonho! Por isso fiquei um pouco frustrada quando o trem que nos levou até lá se aproximou da cidade.

Perdida nas memórias de uma época na qual não vivi, não imaginei encontrar na periferia de São Petersburgo a feiura e a pobreza típicas de uma metrópole de 5 milhões de habitantes num país com altos níveis de desigualdade social. Tampouco estava preparada para o trânsito caótico, para a dureza da língua, para a dificuldade de comunicação. Mas bastou avistar os maravilhosos prédios da Nevsky Prospekt, a principal avenida da cidade, para que tudo se encaixasse novamente. Ali estava a São Petersburgo que eu procurava! A mais linda cidade que eu já vi e que vou tentar mostrar para vocês nos próximos posts. Me acompanhem!

São Petersburgo

Veja todos os posts sobre São Petersburgo no Viaggiando.

27 Comments

  1. está escrito no blog “num país com altos níveis de desigualdade social”, achei interessante essa observação. Aposto que em termos de igualdade social eles não chegam nem perto do Brasil que é apontado como o pais mais desigual do mundo> Agente que desde criança vive se topando com favelas que acho que na Russia não tem nem a metade do que tem aqui. Mas como nunca fui lá queria saber se tem

    • Camila Navarro

      Janio, a Rússia também tem uma alta concentração de renda e milhões de habitantes abaixo da linha da pobreza. Em outros indicadores, como o da educação, ela está bem melhor do que o Brasil, mas na desigualdade não somos tão diferentes assim.

  2. Thiago Oliveira

    Camila, quantos dias tu ficou em São Petersburgo? Tô indo pros bálticos, mas não sei gasto 2 ou 3 dias lá. Kaliningrado também está no meu roteiro e ficarei lá 2 dias. Parabéns pelo post, usarei como fonte (com as devidas citações é claro!).

  3. Nós no Mundo

    Oi Camila!!

    To devorando os seus posts da Rússia!!!

    Minhas passagens para lá já estão compradas!!! Agora é montar o roteiro e torcer para chegar logo!!! :)

    Bjs, Anna Bárbara

    • Jura, Anna? Que delícia!!! Você vai quando? E aposto que seu roteiro pela Rússia vai ser maior que o meu, né? Porque eu tive só um gostinho visitando São Petersburgo e ainda quero voltar! ;-)

  4. Ai que delicia Camila! A Russia com essa historia incrivel esta muito presente no meu imaginário tb, ainda que seja o campo das artes tenha mexido mais comigo (de Literatura Russa sei mto pouco)…São Petersburgo, com o Hermitage, são sonhos e quero saber tudo pelos seus relatos! bjus!

  5. Adriana/Tete Lacerda

    ai, quero muito! também li muitos autores Russos ainda na escola.

  6. Oscar - MauOscar

    Confesso que a Russia nunca me chamou lá tanta atenção assim mas essa introdução já me deixou curioso.. Vou acompanhar a serie com carinho
    Bjs

  7. Eu que já era curiosa sobre o País, agora então…. vou esperar ansiosa! :)

  8. Também sou uma daquelas que tem fascinação pela Rússia, ex-repúblicas soviéticas, repúblicas atuais…Aumentou ainda mais quando minha família passou um tempo lá: já faz 15 anos, mas minha mãe ainda se lembra com saudades. Ansiosa por ver os novos posts!

    • Emília, pelo seu “repertório”, tenho certeza de que conseguiria fazer uma viagem inesquecível à Rússia! E, quando você fizer, vou ser a primeira a querer acompanhar! :-)

  9. Lindo esse post da Rússia, Camila.
    Já tem um tempo que sei dessa paixão pela literatura russa e a grande vontade de visitar o país!
    Depois dessa introdução já sabemos que belos posts virão. Estamos aguardando ;)
    Beijos

    • Ai, ai… Fui caprichar na introdução e agora a exigência vai ser alta! hehe Prometo que vou tentar escrever posts à altura de São Petersburgo!

      Beijos!

  10. O post ficou muito instigante, Camila!
    Em dezembro, li freneticamente sobre a Rússia, já fazendo altos planos para minha viagem, mas agora desacelerei um pouco. Mesmo não havendo nada que me impeça de ir pra lá este ano, todas as dificuldades inerentes a uma viagem à Rússia ainda não me deixam dizer que estou certa de ir…
    Para ter uma visão mais atual da Rússia, talvez você goste do livro “Com vista para o Kremlin”, da jornalista Vivian Oswald. Ela morou 2 anos em Moscou, e o relato que fez é muito interessante, do tipo que a gente quer ler de uma vez só.
    Ah! Acabou-se o ano e não fiz aquele post da blogagem coletiva… Acabei desistindo porque vi que era uma espécie de retrospectiva de 2011, e eu tinha parado de postar desde 2010 (nem eu tinha me dado conta que fazia tanto tempo!).

    • Wanessa, ainda vou falar mais sobre isso nos próximos posts, mas eu quero me preparar melhor para uma próxima viagem à Rússia. Pelo que dizem, São Petersburgo é fichinha perto dos demais destinos e eu acho que ainda não estou preparada para tanto. Mas um dia chego lá!

      Adorei a dica do livro! Vou encomendar rapidinho!

  11. Flora Degaspare

    Oi Camila, linda a sua introdução a Russia. Tbém estive por lá ano passado, só que a minha vontade de conhecer a Rússia foi impulsionada pela música e pelo ballet. Muito interessante ver porque cada pessoa é incentivada a ir a um lugar.
    Tenho acompanhado sua viagem. Seus relatos são muito legais.

  12. Mirellesiqueira

    começou muito, muito bem! que texto lindo e sincero, Camila. Me deixou com agua na boca! Não demore para publicar os proximos!

  13. “As famílias felizes são todas iguais; as infelizes o são cada uma à sua maneira”. Grande Tolstói, se ele soubesse o que iria acontecer no século XX…
    Aguardo São Petersburgo, pena que não puderam ir até Moscou!

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