No post anterior eu falei sobre a histórica disputa entre Suécia e Rússia pelo domínio da Finlândia. Como tentativa de manter o território conquistado e de frear o avanço russo, em 1748 a Suécia iniciou a construção de uma fortaleza num conjunto de 8 pequenas ilhas na entrada do porto de Helsinque. Ela foi originalmente chamada de Sveaborg, em sueco, ou Viapori, na tradução fonética para o finlandês. A construção prevista para 4 anos acabou se arrastando por 4 décadas, mas não atingiu seu propósito. Em 1808 teve início a Guerra da Finlândia e o exército russo conseguiu sitiar a fortaleza. No ano seguinte a Suécia perderia o território da Finlândia para a Rússia.
A Finlândia tornou-se então um Grão-Ducado do Império Russo e aos poucos Viapori foi perdendo suas características militares e decaindo. Em 1855, na Guerra da Criméia, as ilhas foram bombardeadas durante 2 dias e ficaram severamente danificadas. No século seguinte foram feitos alguns reparos e reconstruções, mas a fortaleza continuou em decadência. Em 1918, após a independência do país, Viapori foi tomada pelo governo finlandês e rebatizada como Suomenlinna – Fortaleza da Finlândia. Apenas em 1972 ela passou à administração civil. Hoje cerca de 850 pessoas vivem no arquipélago que é um importante destino turístico finlandês e figura na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco.
Chegar a Suomenlinna é muito fácil. Os barcos que levam até lá fazem parte do transporte público de Helsinque e partem do píer ao lado do Kauppatori (Praça do Mercado). Os bilhetes podem ser comprados nos guichês ou nas máquinas de auto atendimento. As passagens incluem o retorno se ele ocorrer em até 12 horas e em agosto/2011 custaram 4€ por pessoa (consulte os valores atualizados aqui). O trajeto é rápido. Em cerca de 15 minutos atravessamos cerca de 2 km e chegamos às ilhas, sem nunca perder Helsinque de vista.
Apesar de toda a história envolvida, não se deve ir a Suomenlinna atrás de grandiosidade. Não há grandes monumentos ou atrações imperdíveis. Os motivos para ir até lá são outros. Muito verde, construções históricas e o visual do Mar Báltico compõem o cenário perfeito para uma tarde agradável. É um passeio delicioso, principalmente se o dia estiver bonito. Leve um lanchinho e aproveite a oportunidade para fazer um piquenique. ;-)
Desembarcamos em Suomenlinna junto com um grupo de adolescentes. O barco estava lotado. Parecia estar havendo algum encontro de escola ou algo assim. No início parecia que o passeio seria meio tumultuado, mas depois de desviar um pouco a direção e entrar por becos que pareciam dar em lugar nenhum, acabamos descobrindo um arquipélago só nosso. Andamos bastante sem encontrar ninguém pelo caminho. Há mapas disponíveis na chegada, mas o legal mesmo é andar sem rumo e descobrir as atrações aos poucos.
O tempo estava bem instável no dia do nosso passeio, mas nem posso reclamar, pois fez sol e até mesmo calor (coisa rara durante toda a viagem!). Depois de andarmos por cerca de uma hora, tudo que queríamos era um lugarzinho sob a sombra para sentar e descansar. E então chegamos ao King’s Gate, símbolo de Suomenlinna. Construído entre 1753 e 1754, era a principal porta de entrada da fortaleza. Hoje é um ótimo local para apreciar a paisagem. Várias pessoas tiveram a mesma idéia. ;-)
O acesso ao arquipélago é gratuito (paga-se apenas pelo transporte), mas há alguns museus e atrações fechadas espalhadas pelas ilhas, alguns pagos. Nós não entramos em nenhum. As férias seriam longas e recheadas de atividades entre quatro paredes, mas naquele dia preferíamos ficar ao ar-livre. Vimos algumas delas apenas por fora, como a Igreja de Suomenlinna, construída em 1854 como uma igreja Ortodoxa Russa, mas que teve sua aparência totalmente alterada em 1920, quando foi convertida em Evangélico – Luterana.
Está lá também o submarino Vesikko, usado na Segunda Guerra Mundial e único submarino finlandês que continuou no país após a guerra. De acordo com o Tratado de Paris de 1947, a Finlândia estava proibida de possuir submarinos. Todos eles foram vendidos e desmanchados, com exceção do Vesikko, que foi transformado em museu em 1959. Há visitas ao interior do submarino, mas que eu imaginei que seria um pouco claustrofóbica e preferi evitar.
Para fechar a caminhada, conhecemos o Estaleiro, o mais antigo da Finlândia, hoje usado na restauração de barcos antigos.
Na hora de ir embora nos encontramos novamente com o grupo de adolescentes que chegaram conosco a Suomenlinna. Estávamos bem sincronizados. Preferimos esperar o próximo barco, mais vazio. Saímos na hora certa, pois nuvens negras pairavam sobre nossas cabeças. Mais tarde a chuva desabou. Felizmente já tínhamos aproveitado bem nossos dias em Helsinque.
Para mais informações sobre Suomenlinna, visite o site oficial.
Oi Camila! Adorei conhecer esse lugar! Já entrou no meu roteiro de viagem! Bjks!
Luciane, se o dia estiver bonito, é uma delícia de passeio!
Beijos!