Santiago não é uma daquelas cidades pelas quais a gente se apaixona de cara. Ela não inspira romances, não se parece com o cenário de algum filme e tampouco evoca épocas passadas, mas isso não quer dizer que não tenha seus encantos. Santiago me ganhou pela surpresa. Eu esperava apenas uma metrópole insossa, mas encontrei uma cidade bonita, arborizada, segura e funcional. O trânsito não assusta tanto, o metrô é eficiente e os motoristas param nas faixas de pedestre. É claro que 3 ou 4 dias não são suficientes para se conhecer de verdade um lugar, mas a impressão que eu tive é que os santiaguinos, mesmo vivendo em uma cidade com quase 6 milhões de habitantes, têm qualidade de vida. Há anos eu ouvi dizer que o Chile seria o primeiro país da América do Sul a ostentar o título de Primeiro Mundo e conhecer sua capital me fez acreditar na previsão.
Nossa passagem por Santiago talvez tenha sido um pouco atípica. Quem mais vai ao Chile e não pensa em vinhos e frutos do mar? Eu não bebo nenhuma bebida alcoólica e o Eduardo bebe muito pouco, então não chegamos nem perto de uma vinícola. Também não fomos ao Mercado Central, onde todos os turistas batem ponto. E não foi só porque eu sou vegetariana, mas principalmente por causa da má fama dos insistentes garçons e pelos relatos de assaltos na região. Achamos melhor deixar para lá e evitar o estresse desnecessário. Além disso, quase todos os museus famosos, como o Museo de Artes Visuales e o Museo de Arte Precolombino, estavam fechados para manutenção. Ainda assim tínhamos muito o que fazer, mesmo que nenhuma atração fosse realmente obrigatória.
Ficamos hospedados no bairro Bellas Artes e andamos muito a pé. Fomos em fevereiro e fazia muito calor. Os quase 40 °C nos impediam de caminhar o dia todo e a siesta após o almoço acabou sendo inevitável. Mas tivemos tempo de conhecer tudo o que queríamos com calma, principalmente porque era horário de verão e a noite só chegava por voltas das 21h. Pensei em escrever tudo sobre Santiago em um único post, mas ele ficaria enorme, então vou dividir os três dias que passamos na cidade (no quarto dia fizemos o típico bate e volta a Valparaiso e Viña del Mar).
DIA 1 – REGIÃO CENTRAL
No primeiro já acordamos cansados. Nosso voo havia chegado em um horário terrível (2h20 da madrugada), o que significa que fomos dormir por volta de 4h. Ainda assim tentamos não levantar muito tarde e antes do almoço começamos os lerês. Nossa primeira parada foi a Plaza de Armas, um dos principais pontos da cidade, não só para os turistas, mas para todos os que passam pelo centro da cidade. Estivemos lá pela manhã e depois à tarde e garanto que pela manhã ela é bem mais vazia e interessante. Na região ficam alguns prédios históricos de Santiago, como a Catedral Metropolitana (entrada gratuita), em contraste com os edifícios modernos ao redor.
De lá seguimos para o Palacio de la Moneda, sede da presidência do Chile, mais conhecido por ter sido palco do golpe militar de 11 de setembro de 1973 e do suicídio de Salvador Allende. Dia sim, dia não acontece a troca de guarda, às 10h, mas nós estivemos lá no “dia não”. Na parte de trás do Palácio fica a entrada para o Centro Cultural Palacio La Moneda. A entrada é gratuita, mas há algumas exposições pagas, além de restaurantes e, o melhor de tudo, wi-fi liberado! Sem contar que o centro cultural, fresquinho, é praticamente um oásis no verão de Santiago. Programe-se para fazer uma pausa da caminhada lá.
Depois de descansarmos um pouco, voltamos para a rua. Continuamos a pé pela Alameda Bernardo O’Higgins, a principal avenida de Santiago, até a Iglesia de San Francisco, a construção mais antiga da cidade, da qual, infelizmente, não tiramos nenhuma foto. Atrás da igreja começa o bairro Paris-Londres, um complexo de poucos quarteirões do período colonial, que para mim tem mais fama do que atrativos. É uma região bonitinha, mas alguns minutos ali já são suficientes.
Dali até o Cerro Santa Lucía foi um pulo. Os cerros de Santiago são interessantes, pois a cidade é bem plana, mas de repente despontam essas colinas alterando a paisagem e de onde se tem ótimas vistas da cidade. Santiago foi fundada no Cerro Santa Lucía, em 1541. Hoje é preciso informar nome, número do documento e nacionalidade antes de subir o morro, o que garante mais segurança aos visitantes.
O Santa Lucía não é o cerro mais alto, mas para mim é o mais interessante. Depois de uma curta subida por rampas e escadas, chegamos a uma pracinha perfeita para aproveitar o dia de sol. Sob as sombras, é claro! Várias pessoas fazem o mesmo e o clima é de total paz e descontração. Dá até para tirar um cochilo nos disputados bancos.
E ainda tem a vista lá de cima! Infelizmente o horizonte não estava nada claro e avistávamos apenas os contornos da Cordilheira dos Andes ao longe. Mas, com vista ou sem vista, vale a pena ir ao Cerro Santa Lucía, nem que seja para se recuperar das andanças e tomar um sorvete para tentar minimizar o calor do verão em Santiago.
No fim da tarde já estávamos exaustos e entregamos os pontos. Para não dizer que só andamos a pé nesse dia, saímos do Cerro Santa Lucía e fomos de metrô para o Terminal Alameda, garantir nossas passagens para Pucón. Voltamos também de metrô para o hotel, comemos uma pizza lá pertinho e dormimos cedo, afinal, a viagem estava apenas começando!
Veja também:
E ainda o índice com todos os posts sobre a minha viagem ao Chile.
Muito legal esse post… realmente super bem organizado e de grande valia…
obrigado, Camila, pela dica quanto ao clima em Chile!!
zéfreitas
olá não é comentário !!!
Mas que período/começa o inverno/frio em santiago e localidades próximas???
obrigado,
zéfreitas
As estações no Chile são iguais às do Brasil, então quando é inverno aqui também é inverno lá. Veja neste post do Ricardo Freire como consultar a média de temperatura de um lugar mês a mês: http://www.viajenaviagem.com/2010/09/como-pesquisar-temperatura-e-chuvas-no-exterior/
Oi, Camila. Tudo bem?
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Bóia Paulista
Oi, Natie! Melhor ainda receber a notícia sabendo que você é a querida Bóia Paulista!
Camila, que delícia ler seu relato.. ainda mais com essas fotos lindas. Um post super organizado, parabéns pelo Blog!! Estou adorando conhecer os lugares através das suas palavras!! Bjss
Obrigada, Robson! E seja bem vindo! :-)
Que dias lindos… Fui no invernão, só peguei frio, nublado e neblina!
Carol, os dias estavam mesmo lindos! Nenhuma nuvem no céu! Mas sabe que eu adoraria ir lá no inverno também? Deve ser completamente diferente.
Beijos!