Depois de planejar algumas viagens, a gente começa a achar que tira tudo de letra. Pacotes, excursões, agências de viagem? Imagina! É possível fazer tudo por conta! Ainda mais no Chile, um país vizinho onde dá para se virar bem apenas com o portunhol. É fichinha! Mal chegamos em Pucón e já passamos no Centro de Informações Turísticas para pegar um mapa e pedir umas dicas. O senhor que nos atendeu foi super solícito, desenhou alguns roteiros e nos indicou os melhores passeios na região. Eu já sabia que queria ir ao Lago Caburgua, mas não tinha encontrado na internet informações sobre como chegar lá. Perguntei se havia transporte público e ele respondeu que sim e que era bem fácil, pois os ônibus partiam a cada 20 minutos. Problema resolvido!
Por volta de 13h fomos para o terminal de ônibus locais (Uruguay, 540). Não havia guichê para a venda de passagens, mas havia uma lanchonete. Compramos água e nos certificamos de que estávamos no lugar certo. Um micro-ônibus partiu assim que chegamos, mas estava lotado e preferimos esperar pelo próximo. Pouco tempo depois chegou mais um. Entramos assim que as portas foram abertas e garantimos nossos assentos. Aos poucos todas as poltronas foram ocupadas, mas ainda assim o pessoal continuou entrando. Ao longo do caminho mais pessoas entraram para viajar em pé com suas caixas de isopor, garrafas e afins. Não sobrou um só cantinho desocupado! Farofa total!
É claro que eu já tinha desconfiado que minha idéia de passeio para o dia estava um pouco equivocada. Nossa primeira parada seria a Playa Blanca, às margens do Lago Caburgua. Eu imaginava um lugar meio bucólico, com uma vista bonita do lago, cercada de vegetação e a vista de algum dos vulcões nas redondezas. Descemos junto com a galera e seguimos o fluxo pela trilha que leva ao lago. E, chegando lá, estávamos realmente em uma praia! Guarda-sóis espalhados pela areia, crianças fazendo castelinhos, gente vendendo picolé… Tudo o que eu não esperava encontrar naquela região do Chile! E nós ali, de calça comprida e tênis! Peixes fora d’água! Não poderíamos estar mais mal informados!
Sem condições de aproveitar o que a Playa Blanca oferecia, ficamos sentados alguns minutos em uma sombra observando o movimento, mas depois de pouco tempo fizemos o caminho de volta. Tínhamos a opção de fazer uma trilha de cerca de 3 km até a Playa Negra, mas já estava um pouco tarde para inventarmos uma dessas. Esperamos o próximo ônibus, que partiu bem vazio, e descemos na entrada dos Ojos del Caburgua. O ônibus pára na beira da estrada e de lá temos quer percorrer a estradinha que leva às quedas. São apenas 300m, uma caminhada curta que não mata ninguém, certo? Só que, enquanto você que resolveu andar de transporte público está lá caminhando, vários carros estão fazendo o mesmo trajeto. E a estrada é de terra! Só me lembro de comer tanta poeira quando era criança e tinha que descer do carro para abrir as porteiras quando íamos para fazenda.
Os Ojos del Caburgua ficam em uma propriedade privada e é preciso pagar uma entrada (5oo pesos). Quando enfim chegamos à grande atração, ficamos boquiabertos. O lugar é lindo! O lago formado pelas quedas tem uma cor deslumbrante! Se você já planejou uma viagem para o Chile, provavelmente já viu alguma foto desse lugar. Os fotógrafos adoram!
Mas o que quase ninguém conta é que pode ser difícil até mesmo tirar fotos! As quedas são avistadas através de passarelas localizadas ao seu redor e quando o local está cheio as pessoas têm que andar praticamente em fila indiana, constrangidas por ficar paradas por muito tempo quando há tanta gente esperando para ocupar seus lugares. Nem dá tempo de curtir o lugar.
No mesmo complexo, porém menos visitada, fica a Laguna Azul. Ficamos felizes enquanto nos dirigíamos para lá, poucos faziam o mesmo caminho. Mas turista sem noção existe no mundo todo, né? Realmente o local estava vazio, mas os poucos que ali estavam resolveram quebrar a regra que proíbe o banho na lagoa e, além de se intrometerem em todas as fotos, ainda remexiam a água e tiravam metade de sua beleza! É de matar de raiva!
Já era mais de 17h quando saímos de lá. E aí apareceu a maior falha da nossa falta de planejamento. Os Ojos del Caburgua ficam no caminho entre a Playa Blanca e Pucón. No fim da tarde, todas aquelas pessoas que estavam curtindo a praia também estavam voltando para casa, o que significava que os ônibus já chegavam lotados aonde estávamos. Passaram dois por nós sem parar. Deu um pouco de medo de ficarmos perdidos ali, no meio da estrada, mas felizmente o terceiro ônibus parou e nós voltamos para Pucón sãos e salvos!
Nosso passeio foi uma sequência de furadas, mas tudo aconteceu por falta de informação. Então ficam aqui algumas dicas para quem quiser fazer um roteiro bem sucedido:
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Famílias chilenas e argentinas viajam muito pela região nas férias de verão, então, se for possível, evite esse período.
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Como acontece na maioria dos lugares, o Lago Caburgua fica mais cheio à tarde. Faça o passeio pela manhã e aproveite as atrações mais vazias.
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O transporte público não é tão ruim quanto parece! A sequência e os horário que escolhemos é que não foram os melhores. Vá primeiro aos Ojos del Caburgua e depois às praias, assim não terá problemas para voltar, mesmo que no fim do dia.
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Alugar carro pode até ser uma boa saída, mas é preciso lidar com trânsito e estacionamentos cheios na alta temporada. Não acho que compensa apenas para fazer os passeios que fizemos.
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É possível fazer o passeio de bicicleta, mas não tenho muitas informações. Só sei que são cerca de 17 km até os Ojos del Caburgua e 24 até a Playa Blanca.
As agências vendem esse passeio no chamado Tour por la Zona, que custa cerca de 18.000 pesos por pessoa. Nós gastamos 6.000 pesos com as passagens e entrada para nós dois. O tour oferece um complemento: uma visita a alguma das termas de Pucón. São cerca de 10 na região, com diferentes estruturas físicas. Nos indicaram a Termas Los Pozones, que tem um visual mais rústico e piscinas mais naturais. O ideal é ir à noite, pois durante o dia a água quente pode ser desagradável. Nós fomos na nossa última noite em Pucón, dessa vez com uma agência. Pagamos 10.000 pesos por pessoa pelo transporte e pela entrada.
Há um tempo limite de permanência dentro das termas (acho que duas ou três horas horas), para evitar efeitos colaterais. Nós chegamos lá por volta das 21h e saímos às 23h. O local tem uma boa estrutura, com vestiários e banheiros. São 7 piscinas ao lar livre de diferentes tamanhos e temperaturas dispostas ao longo da margem do Rio Liucura. O legal é testar todas e escolher a que mais te agrada para ficar relaxando. As fotos não ficaram muito boas por terem sido tiradas à noite e com pouca iluminação, mas dá para ter uma noção do local.
Se você planejar subir o Vulcão Villarrica, reserve a noite do dia seguinte para conhecer uma das termas. Acredite em mim: você vai precisar! :-)
Olá!!
Vc recomendaria alguma agência para realizar esse tour completo por La Zona?
Thais, como fizemos por conta própria, não tenho como indicar, mas o passeio é oferecido por diversas agências, vai ser tranquilo escolher uma.
Camila, estava em Pucón há 4 dias e agora a passagem para a Laguna Azul é proibida :( há uma cerca em volta de toda a Laguna, só é possível se aproximar bem dos Ojos
Que pena, Lucas! Talvez seja por causa das pessoas sem noção como as que estavam lá no dia que eu fui. :(
Adorei, super divertida você….mas as proibições das thermas foram demais. rsrsrs
Viu só que tanto de regras, Isabel? E não eram só essas, eu é que não fotografei todas. ;-)
Oie Camila,
Qual foi mesmo o mês que você foi? Fomos no final de outubro para lá e não me recordo das praias, talvez pq fosse a época fria, não sei… Mas também não tinha ouvido falar. Alugamos um carro, o que facilitou o nosso deslocamento e ganhamos tempo. Os ojos de Caburga é o local lindíssimo, mas quase me acidentava tentando tirar fotos! ;)
Erika, fomos em fevereiro. Pucón estava lotada e o pessoal estava aproveitando as praias de lago!
Beijos!
Camila,
Ótimas dicas! E problemas no planejamento da viagem servem, ao menos, para alertar os outros viajantes! Pior fui eu que, em Angkor Wat, subi um morro para ver o pôr-do-sol e a Sylvia já tinha me avisado que era roubada!
Bjs
Lu, vou tentar não me esquecer da dica da Sylvia para não cair na mesma furada! ;-)
Oi, Camila. Tudo bem?
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Bjs,
Natalie – Bóia Paulista
Obrigada, Natie!
Ótimas informações :)
Para que ninguém cometa os mesmos erros que nós! :-)