Enquanto passávamos horas em San Pedro de Atacama esperando pela liberação dos passeios, eu só conseguia pensar em tudo que estávamos perdendo. Viajar com todas as atrações planejadas e não conseguir vê-las é frustrante. Cheguei a me arrepender por ter ido, já que não teríamos a experiência completa, mas um dos passeios fez toda a viagem valer a pena. Não importa se não conhecemos a Laguna Cejar ou os Gêiseres El Tatio. O que importa é que fomos ao Salar de Tara. Esse único passeio já justificou nossa ida ao norte do Chile.
O passeio ao Salar de Tara é inebriante. Ao longo do dia somos apresentados a uma sequência de cenários diversos que nem parecem reais. Às vezes eu meu perguntava se um lindo lago que eu avistava ao longe não era na verdade uma miragem. Este post não foi publicado antes por um motivo simples: eu não conseguia selecionar as fotos! Como escolher apenas algumas para mostrar um dos lugares mais lindos que já conheci?
O Salar de Tara era meu maior motivo para ir ao Atacama. Eu já havia ficado deslumbrada pelos relatos da Silvia e do Tiago (Rotas Capixabas) e não conseguia aceitar que passaria por lá sem conhecê-lo. O Salar fica bem afastado de San Pedro, a cerca de 140 km, e não foi muito atingido pelas chuvas que maltrataram a região, mas o caminho até lá foi danificado e por isso o passeio estava suspenso. Já havíamos agendado o passeio para o dia anterior, mas ele foi cancelado. No nosso penúltimo dia na cidade, a estrada foi reaberta. Por medo de ficarmos a ver navios novamente, fomos um pouco imprudentes: escolhemos uma agência que estava fazendo o passeio mesmo quando os órgãos oficiais recomendavam o contrário, a Colque Tours. O forte dela são os roteiros no Salar de Uyuni, na Bolívia, e o que mais encontrei na internet foram reclamações sobre eles, mas preferi ignorá-las, mesmo com medo de estar entrando em uma furada.
Na manhã seguinte a van passou para nos pegar na porta do hotel pouco depois das 08h. Para meu alívio, o transporte era muito melhor do que eu esperava. Éramos 13 pessoas (8 brasileiros), além da nossa guia e do motorista. O mais comum é que o café da manhã seja servido em uma parada já durante o passeio, mas nós paramos para comer ainda na cidade, em uma pousada, e de lá seguimos viagem.
Pouco depois de partirmos de San Pedro, ainda na estrada, tivemos uma grande surpresa: neve! Neve no deserto! Fresquinha, recém caída. Na região do vulcão Licancabur a chuva se transformou em neve. Quando contratamos o passeio, soubemos que havia nevado, mas pensei que seria algo que veríamos à distância. Mas não! Ela estava ali, ao nosso redor. É claro que ficamos todos maravilhados e até paramos para sentir a neve. Foi algo tão mágico quanto inesperado.
Nossa próxima parada foi no Salar de Pujsa, às margens do Rio Quepiacó, ou Vegas del Rio Quepiacó. É ali que a maioria dos grupos toma o café da manhã. Como estávamos na Reserva Nacional los Flamencos, é claro que os flamingos também estavam lá!
Logo depois chegamos a um dos pontos altos do passeio, um daqueles lugares em que a gente fica tonto sem saber para que lado apontar a câmera. As cores da lagoa se misturavam à cor do céu e as montanhas ao redor tornavam tudo ainda mais lindo. Nunca vi uma mistura de cores tão perfeita. Se tivéssemos parado por ali, já teria valido a pena.
Mas ainda havia mais por vir! Seguimos em frente e chegamos aos Monjes de la Pakana, enormes esculturas de pedra originadas da explosão de um vulcão (não sei se esse é o termo técnico correto) há sei lá quantos milhões de anos. Elas são enormes! Repare no tamanho das pessoas ao lado da mais famosa delas, na qual é possível avistar o perfil de um índio.
De lá avistávamos uma cadeia de montanhas que para mim pareciam estar perto, mas não passava de ilusão de ótica. De acordo com nossa guia, estava bem longe. Tentei, com o zoom da máquina descobrir o que havia lá, mas fiquei ainda mais curiosa. Seria um lago, um salar ou uma miragem?
Dali em diante começamos a entender porque nem todas as agências vão ao Salar de Tara. O caminho sai da estrada asfaltada e entra no deserto de verdade. Não há mais demarcações e, para marinheiros de primeira viagem como nós, parece impossível andar por ali sem um GPS. Nossa agência foi a única a continuar o passeio. Todas as outras só foram até os Monjes de la Pakana. Às vezes o motorista parecia não saber qual caminho escolher e eu me lembrava das histórias que tinha lido sobre a agência na noite anterior. A guia, nos contando histórias sobre turistas que já se perderam na região, também não ajudava…
Me tranquilizei quando começamos a andar em meio a cenários conhecidos. Eram as Catedrais de Tara, enormes paredes de pedra que eu já tinha visto nas minhas pesquisas para a viagem. Ufa! Meu medo era infundado! Estávamos no caminho certo!
Chegou então a hora do ponto final do passeio. Enfim, o Salar de Tara! Primeiro descemos para apreciar a vista, mas naquela hora o soroche, o mal das alturas, me pegou de jeito. Estávamos a mais de 4.000 metros de altura e eu tentei andar rápido demais. A dor de cabeça veio na hora e então eu tive que diminuir o passo. Mas não havia motivo para pressa. O lugar era só para contemplação.
Depois de alguns minutos de papo, a guia seguiu na frente com o motorista para preparar nosso almoço e nós fomos caminhar à beira da lagoa. Uma pena que no ápice do nosso passeio o sol tenha nos abandonado. Nuvens pesadas tamparam o céu e acinzentaram a paisagem, mais ainda assim ela continuou linda. Flamingos, lhamas e vicunhas complementavam o cenário. Éramos o único grupo de turistas naquele lugar isolado. Maravilhoso e assustador!
Enquanto almoçávamos nossos sanduíches, a chuva ia se aproximando. Não tivemos muito tempo. Ser pego pela chuva na volta não seria uma boa idéia. Então tivemos que nos despedir.
Às 17h40 estávamos de volta a San Pedro. Exaustos, mas felizes. Na nossa memória ficaram guardadas algumas das imagens mais belas que já vimos. Já podíamos ir embora. Estivemos no Salar de Tara. :-)
Veja aqui todos os posts da nossa viagem (com chuva!) para o Deserto do Atacama!
Ola!! Estou amando seu blog!! Estamos de viagem marcada para o Chile em agosto e estou devorando tudo que encontro, confesso que estou bem surpresa com a sua expeiência, não tinha visto nada igual! Também achei engraçado seus posts sobre montevid! É engraçado comó você escreve de verdade o que sente! Poxa! Vai pro deserto e chove! Haveriam pessoas que nem postariam um negócio assim porque em alguns blogs parece que o mundo é perfeito nas fotos! Nas viagens também acontecem coisas boas e as vezes esquisitas né!? Hehehe… Mas nunca vi na internet tamanha sinceridade!! Obrigada pelas dicas, e voltando a questãã do Atacama, adorei este seu passeio, não tinha lido nada ainda sobre ele, entrou pra minha lista!
Bjs!
Lileozzyled.blogspot.com
Oi, Liana! Fazer o que, né? Às vezes a gente dá azar! ;-) Em 2012 eu tive um bocado de azar com o tempo, tanto no Chile como no Uruguai, mas ainda assim a gente deu um jeito de aproveitar. E no Atacama acabamos tendo a chance de ter uma experiência única! Mas, com neve ou sem neve, o Salar de Tara é maravilhoso! Pode mesmo colocar na sua lista, pois vale muito a pena!
Beijos!
De viagem marcada para Londres e pronto! quero ir agoooora para este lugar maravilhoso! Que fotos!
Esse é o grande problema de quem lê blogs de viagem! A cada dia nossa lista de destinos só aumenta!
Também sei o que é essa emoção de estar num lugar lindíssimo, que não conseguimos descrever. Parabéns pela viagem e pelas fotos!
Arthur, a gente deveria incluir pelo menos um desses lugares que nos deixam sem palavras no planejamento de cada férias! :-)
Camila, você disse tudo: o Salar de Tara é inebriante!
Acho que vc pode mesmo ficar tranquila porque, como disse a Silvia, o Salar é um resumo e, ao mesmo tempo, o auge do Atacama. Nenhuma outra atração de lá me causou tanto encantamento como essa. Fico imaginando vocês que, além de tudo, experimentaram o cair da neve em pleno deserto. Que privilégio!
Aliás, não conheci esse lago que você visitou no tour, não. Belíssimo!
E as nuvens no céu realmente arremataram a composição da paisagem.
Não sabe quantas lembranças boas esse post me trouxe (e falo pela Renata também)!
Abção
Tiago, depois de ler seu post minhas expectativas ficaram tão altas que eu tive medo de chegar lá e me decepcionar. Mas não! O Salar de Tara é tudo aquilo que você falou!
Camila, hoje me bateu uma saudade danada do Atacama e, entre tantos outros posts, vim aqui reler os seus.
Tiago, eu nem posso pensar muito que já fico morrendo de vontade de voltar lá! :-)
Camila, o post está excelente! As fotos são belíssimas! Agora que já conheço Santiago, preciso planejar uma viagem ao norte do Chile.
Um abraço!
Alexandre, o Chile vale muitas viagens! Para conhecer lugares novos e para repetir os nossos preferidos. ;-)
Camila, como sempre, um ótimo post. As fotos estão belíssimas. Agora que já conheço Santiago, tenho que planejar uma viagem para conhecer o norte do Chile.
Beijos!
Suas fotos são as mais bonitas que já vi do Atacama! E olha que o Atacama é fotogênico :-) Camila fiquei mais triste ainda em ler seu post porque foi o único passeio que não consegui fazer no Atacama!! Está lindo o post :-) Bjs
Fiquei até vermelha, Lu! Ouvir isso de alguém que foi ao Atacama e com certeza já viu muitas fotos de lá é um baita elogio! Tenho que dividir as honras com o Eduardo, pois nós nos revezamos com a câmera na mão. Mas nesse caso nem foi preciso nos esforçarmos muito. Como você disse, o Atacama é muito fotogênico. :-)
Passeio perfeito! Meu preferido também. Ele é um resumo de tudo o que a gente vê por lá! Arrasou no texto e fotos! :)
Obrigada, Silvia! :-) Por isso valeu a pena ter ido mesmo sem ter feito os outros passeios. Deu para ter um gostinho de cada coisa no Salar de Tara. Com certeza seria o meu preferido também.
Que fotos impressionantes, Camila! Adorei!
Li todos os seus posts sobre o Chile e meu coração gelou naquele onde você posta sobre a chuva e as casinhas brancas de San Pedro ficando amarronzadas por causa de tanta água…
Ainda bem que deu tudo certo com o Salar de Tara, eu entendo totalmente a sua “loucura” de ter pego o passeio com a empresa “mal-falada”: eu teria feito a mesmíssima coisa!
Estou com passagem comprada para Santiago para o finzinho de janeiro… Cheguei a pensar em colocar Atacama da minha lista, mas ainda não me decidi. É a época do “inverno altiplano” e talvez não seja a melhor idéia. Ainda tenho bastante tempo para me decidir.
Beijos,
Lidia.
Lidia, arriscamos um pouquinho, mas, como deu tudo certo, agora a gente só comemora. :-)
Pois é, final de janeiro é perigoso, né? Mas pensa uma coisa! Se eu peguei tanta chuva, não é possível que no ano que vem a história se repita! rsrs Bom, mas eu fiquei meio traumatizada, então não aconselharia ninguém a ir nessa época. Foi muito chato ter meus planos frustrados e eu não correria o risco novamente. Em compensação, janeiro é uma ótima época para conhecer o sul do Chile.
Beijos!