Museu Nacional do Azulejo em Lisboa

O Museu Nacional do Azulejo, apesar de seu excelente acervo, talvez não entre no roteiro de muitos turistas que visitam Lisboa por estar localizado fora do circuito turístico tradicional, na região de Xabregas. Na verdade, ele nem fica tão afastado: menos de 3 km o separam do Terreiro do Paço, por exemplo. Ainda assim ele está meio fora de mão, pois não fica no caminho tradicional dos turistas e não há outras atrações ao seu redor. Mas isso não serve de desculpa para não conhecê-lo! Às vezes o próprio caminho até lá pode render boas histórias.

O Museu Nacional do Azulejo retrata um dos maiores símbolos da cultura, arte e arquitetura portuguesas. Os azulejos estão por toda parte e ninguém passa por Portugal sem reparar neles. Nós estivemos no museu em nosso penúltimo dia de viagem e foi legal para reconhecermos vários padrões que vimos naquelas duas semanas, mas acho que ir no início teria sido ainda melhor, pois teríamos ficado mais atentos ao que encontraríamos pela frente.

O Museu do Azulejo documenta a história do uso do azulejo em Portugal ao longos dos últimos cinco séculos. A origem de sua utilização teve influência direta da presença árabe na Península Ibérica. Os primeiros azulejos que revestiram paredes em Portugal foram importados de Sevilha em 1503. A partir daí, os portugueses desenvolveram seu próprio estilo, que foi se modificando ao longo dos anos junto com a modernização do país. E o legal é que o museu consegue explorar essa parte “teórica” de forma bem agradável. As instalações explicativas da técnica de fabricação de azulejos e dos tipos de padronagem estão cercadas por lindas paredes recheadas de painéis que exemplificam o que está sendo tratado naquela exposição.

Há painéis de azulejos para tudo quanto é gosto! Alguns foram desenhados para partes específicas das construções originais, como escadas ou cozinhas, e hoje adornam o prédio do museu de diferentes formas. Já uma sala do 2º andar, por exemplo, é cheia de painéis que contam histórias divertidas e até algumas piadas, retratos de um período em que os azulejos já não tinham apenas função decorativa.

O Museu do Azulejo está instalado no antigo Mosteiro da Madre de Deus, fundado em 1509. As dependências do convento abrigam as exposições temporárias e permanente que vimos até agora, mas a igreja por si só já valeria a visita. Sua decoração é uma maravilha! Além dos adereços dourados que tornam a igreja um brilho só, há lindos painéis de azulejo que justificam a escolha do lugar para abrigar o museu.

Mas minha parte preferida do Museu do Azulejo fica no 3º piso. Lá está um enorme painel com mais de 20 metros de comprimento representando a vista panorâmica do litoral de Lisboa antes do terremoto de 1755. A obra foi produzida antes da tragédia, mas os azulejos não chegaram a ser aplicados, por isso permaneceram intactos. É lindo e triste ao mesmo tempo. Abaixo dos desenhos há informações sobre as construções e o que mais se lê é a expressão “destruído em 1755”. O painel é um dos maiores retratos da destruição quase total de Lisboa pelo terremoto. É emocionante!

Antes de ir embora, talvez seja interessante dar uma passadinha na lanchonete do museu não só para ver os azulejos que o decoram. Não comemos nada lá, mas dei uma olhada nos preços e gostei do que vi. Os salgados e doces custavam entre 1,10 € e 3,00 € e as bebidas quentes entre 0,90 € e 1,70 €. Nada mal, né? Sei que lá  também são servidas refeições, mas as opções não estavam no cardápio no horário em que estivemos lá, pela manhã.

E lembram que eu falei que o caminho ao museu pode render boas histórias? Foi o que aconteceu com a gente! Esperávamos o ônibus 759 na Praça do Rossio quando uma senhora perguntou se iríamos ao Museu do Azulejo. Éramos os únicos turistas naquele ponto e a gente sempre é reconhecido facilmente, né? Respondemos que sim e ela disse que desceria lá perto e nos diria onde descer. Que ótimo! Chovia, então qualquer quarteirão a mais faria diferença. Só que, enquanto ainda estávamos esperando, essa senhora dava dicas para quem passasse por ali e suas respostas não pareciam muito confiáveis, já que uma outra senhora corrigia tudo que ela falava. Por via das dúvidas, fomos acompanhando o trajeto do autocarro no mapa e contando as paradas, atentos àquela em que nós já estávamos pensando em descer.

Pelas nossas contas ainda faltavam umas três quando a tal senhora nos chamou dizendo que nosso ponto era o próximo. Ficamos na dúvida, mas ela provavelmente conhecia a região, né? Aí várias outras pessoas do ônibus começaram a acenar para que não descêssemos. Foi uma situação muito engraçada, pois todo o ônibus ficou de olho na gente até chegarmos ao ponto correto. Eles (eram vários mesmo!) nos disseram onde descer e nos indicaram por onde passar para chegar ao museu. No fim das contas, foi bem simples. Desembarcamos no ponto Av. Infante D. Henrique (Ponte Xabregas) e bastou atravessar a rua e passar embaixo de uma ponte para chegarmos à entrada do museu. Foi um dos trajetos mais divertidos da nossa viagem. ;-)

INFORMAÇÕES PRÁTICAS

Site oficial: www.museudoazulejo.pt

Endereço: Rua da Madre de Deus, 4, Lisboa

Telefone: (+351) 218 100 340

Horário de Funcionamento: De terça a domingo, das 10h às 18h (última entrada às 17h30)

Entrada: 5,00 € (A entrada é gratuita aos domingos e feriados até as 14h e todos os dias para os portadores do Lisboa Card)

Fotografia: Permitida.

Tempo de Visita: No mínimo uma hora.

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