A culinária vietnamita é famosa por ser saborosa, criativa e por utilizar muitos ingredientes frescos. Quase todos voltam encantados pelos sabores do país. No Sudeste Asiático, talvez a fama da comida só rivalize com a tailandesa. O melhor de tudo é que, assim como tudo mais no Vietnã, a comida é muito barata. Lá os turistas não precisam fazer conta e podem comer em restaurantes todos os dias. Mas bom mesmo é contar com as dicas de alguém que mora no local e pode nos dizer onde e o que comer, né? Felizmente, hoje em dia não é preciso ter um amigo em cada lugar do mundo para ter essas informações privilegiadas. Uma rápida pesquisa por “food tour” + o nome da cidade que pretende visitar costuma ser um bom começo.
Já deixei nosso tour gastronômico em Hanói reservado algum tempo antes da viagem através do site da Vietnam Awesome Travel. Há duas opções de tour, um durante o dia (11h30) e outro à noite (18h). Escolhi o segundo porque seria uma boa chance para andar pela cidade à noite com alguém que conhece bem o lugar. No dia e hora marcados, nossa guia, a Chinh Võ, estava nos esperando na recepção do hotel ao lado do casal londrino que nos faria companhia no tour. Ao longo das próximas três horas e meia, percorremos a pé as ruas estreitas do Old Quarter, o bairro antigo de Hanói, e entramos em portinhas em que provavelmente não entraríamos por conta própria.
O engraçado é que nosso tour começou pela sobremesa. Na verdade, o conceito de sobremesa como conhecemos não é comum no Sudeste Asiático e os doces não são comidos após as refeições, mas durante, como pratos principais. Nosso primeiro prato foi o Bánh Trôi Tàu ou Chinese Floating Cake. Olhando assim, parece uma batata, mas é uma massa feita de arroz e recheada com gergelim preto ou com semente de lótus. Ele é servido em um caldo à base de leite de coco. Nesse mesmo lugar, comemos ainda o Xôi Chè (Sweet Sticky Rice), que me lembrou o nosso arroz doce.
Andamos mais um pouco e experimentamos um dos pratos mais famosos da culinária vietnamita, o Pho Bò (Hang Da, 8A). Pho é qualquer sopa vietnamita com o macarrão de arroz em tiras e Bò é a carne de vaca. É uma sopa bem aguada de macarrão, carne, ervas e brotos. Bom, a minha foi só uma Pho, sem carne, é claro! Estava deliciosa! Só não posso garantir que não havia nada de origem animal no meu prato, pois a verdade é que é bem difícil ser vegetariano no Sudeste Asiático. O molho de peixe é a base do tempero e eles parecem nem entender bem o conceito de vegetarianismo. Eu não entendia o que nossa guia falava quando chegávamos aos restaurantes, mas via a cara das atendentes, provavelmente pensando “Mas como assim um prato sem carne?!” Ela até tentava adaptar os pratos para que eu pudesse comer, mas nem sempre era possível.
A próxima parada foi para experimentar o Mien Luon (Hang Dieu, 87), um macarrão à base de farinha de mandioca bem fininho com enguia e legumes frescos. Bom, o Eduardo experimentou, porque eu só pude roubar umas tirinhas de macarrão… O engraçado é que a gente via a porta dos restaurantes e achava que não tinha onde sentar ou que estava lotado, mas então descobríamos que havia uma sala ao fundo ou nos andares acima. E às vezes nem existiam mesas, mas uns banquinhos de plástico baixinhos. Quando for assim, saiba que os banquinhos vermelhos servem de mesa. ;-)
Saindo de lá, tomamos um Nuóc Mía, que nada mais é do que um caldo de cana. Para os londrinos era algo exótico, mas não para nós, né? Provamos também o Bánh Trôi, o bolinho doce de arroz vietnamita, mais leve e menor que o chinês. Ainda fizemos uma parada numa frutaria. Achei que veria mais frutas diferentes por lá, mas só mesmo a thanh long (pitaia) chamou minha atenção.
Ainda não tinha acabado. Era a vez de experimentar o Bún Bò Nam Bô, uma sopa típica do sul do Vietnã. Bún também é um macarrão de arroz, mas é diferente do Pho, pois é redondo e bem fininho. Acompanhando o macarrão tinha no mínimo carne, broto de feijão, amendoim, alface e hortelã frescos. O Eduardo comeu o completo e eu um sem carne. E foi meu prato preferido no tour! Nunca pensei que essa combinação de ingredientes desse um bom resultado, mas ficou delicioso! O restaurante em que comemos fica na Hang Dieu, 67 e ele só serve esse prato. Vi indicação dele em vários sites, é quase uma unanimidade!
Já deu para perceber que o tour é uma comilança sem fim, né? Em meio a tanta comida, fizemos uma pausa para tomar uma Bia Hoi, o nome dado ao chope vietnamita. O mais engraçado era o lugar, numa calçada lotada de turistas e locais. Como disse nossa colega de Londres, os banquinhos pareciam ficar cada vez mais baixos! :-)
Ainda bem que eu já não aguentava comer mais nada, pois ainda tinha mais e no prato seguinte não salvava quase nada para mim. Era o Xôi Yên (Nguyen Huu Huan, 35), a comida mais exótica daquele dia. Xôi (sticky rice, algo como “arroz grudento”) é um dos pratos mais populares do Vietnã. O Xôi Yên é uma mistureba: um arroz amarelo super grudento, um ovo cozido com um gosto bem forte e um milhão de carnes: porco, vaca, frango… Mas é claro que há quem goste!
Fechamos a noite com um café bem diferente, o Cafe Trúng. Fiquei sem saber o que esperar quando ela nos disse que seria um café com ovo, mas era um delícia! O café é coberto por uma espécie de gemada e não é que a mistura é boa? E o lugar, o Cafe Giang (Nguyen Huu Huan, 39), era bem charmosinho, no fundo de um corredor comprido, bem cara de fim de noite mesmo.
O bom desse passeio é que ele foi mais do que um tour gastronômico. A Chinh Võ foi para nós também uma guia sobre a cultura vietnamita. Foi uma ótima chance para aprender um pouco sobre o dia a dia das pessoas, sobre a vida em Hanói, sobre religião, sobre a visão deles do Brasil (quase nula) e, é claro, sobre a comida do Vietnã. Sem contar que ela nos mostrou detalhes do bairro antigo de Hanói que nós nem perceberíamos sozinhos.
O tour custou US$ 25 por pessoa. O guia não é sempre o mesmo e os restaurantes visitados podem variar, então um tour pode não ser igual ao outro. Mais informações podem ser obtidas no site da Vietnam Awesome Travel.
Vou tentar reservar esse para a noite tb, achei ótima a dica. bjs!
Pra quem tem pouco tempo (quando é que a gente tem tempo sobrando? rsrs), é ainda melhor, porque dá para conhecer a culinária, a cultura e a arquitetura vietnamita num passeio só! :-)
Já havia lido antes, mas só agora vim comentar!!
Amei o tour! Realmente é carinho para lá, mas a gente economiza em tanta coisa que dá pra gastar ali né?
Valeu pela dica!!!!
Beijão!!!
É tudo tão barato que a gente começa a se recusar a pagar preços “normais”. Depois acabei me arrependendo de não ter feito alguns passeios no Laos porque custavam caro. Eram caros para os padrões de lá, mas nada que eu não pudesse pagar, sabe? Alguns países asiáticos acabam nos deixando pães-duros. rsrs
Oi, Camila. Tudo bem? :)
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia
Obrigada, Natalie!!!
Amei a dica!
Já vou reservar o meu agora mesmo!
Nossa guia disse que éramos os primeiros brasileiros no tour com ela. Eu disse que com certeza não seríamos os últimos. :-)
Camila,
Muito legal esse tour! Não ia me dar muito bem nele: não como carne vermelha (não gosto) e arroz é uma dificuldade, sticky rice, então, arghhhh! Por outro lado, a experiência antropológica me pareceu muito legal.
Lu, não sei o que eu teria feito nessa viagem se não gostasse de arroz! Comi fried rice praticamente todos os dias! Muitas vezes essa era a única opção vegetariana no cardápio. Ou melhor, a única sem pedaços de carne, porque sei lá o que tinha no molho/tempero…
Engraçado que eu tinha a impressão que não seria tão difícil ser vegetariana na Ásia, já que eles comem tantos legumes e verduras – mas não me dei conta de que quase tudo é misturado às carnes e realmente sabe-se lá quais ingredientes estão envolvidos na preparação dos molhos…
Também achei que seria fácil, Carla, mas só mesmo nos restaurantes mais caros (que ainda assim eram baratos) havia pratos vegetarianos. Em muitos era assim no cardápio: “macarrão com legumes (não significa comida vegetariana)”.
Camila, o mais complicado é que eles tem o hábito de misturar várias carnes em um só prato e colocar aquele molho de peixe em praticamente tudo! Como não sou vegetariana, o que me salvou foi o frango satay e o frango amok (apesar da aparência feia). Alguns vegetais eram muito bons: aspargos, folhas de mostarda, brócolis e morning-glory (que eu acho que é um tipo de espinafre).
Camila,
Adorei esse tour. Acho meio caro para o Sudeste asiático, mas como você mesmo disse, lá tudo é tão baratinho que não doi pois até o caro não é tão caro assim.Tour gastronômico é demais. Na Tailândia fizemos isso por conta própria no mercado de Chiang Mai. Fomos de barraca em barraca. Comíamos só um pouco para provar e partíamos para a próxima. Comemos demais, mas mesmo assim ainda acho que exagerei menos que numa churrascaria e gastei 1/10. A próposito, no Marrocos o Klaus teve que desenhar, literalmente, para os garçons num mercado de rua. Eles não tinham noção alguma de onde ficava o Brasl. Achavam que era próximo, na Africa. E ele desenhou um mapa mundi para demostrar o quão longe estávamos deles. Essa é a beleza de viajar, né? Poder ver essas realidades tão diferentes da nossa,
Liliana, perto dos preços locais é mesmo caro. Se somarmos tudo o que comemos com certeza daria bem menos de $25, mas tem a experiência envolvida, né? E pra gente ainda é barato. Coloquei os endereços pra quem quiser se aventurar sozinho e fazer um tour por conta própria. ;-)
Nós também chegamos a abrir o mapa no celular para mostrar onde o Brasil fica! Adorei essa sensação de estar em um lugar tão distante, geográfica e culturalmente de nós. É mesmo lindo!
Super bacana esse tour, Camila! Gostaria bem de ter feito algo parecido!
É interessante mesmo ver o quanto o Brasil é desconhecido para eles, né? Acho que, por conta do turismo, eles acabam tendo muito mais contato com europeus e norte-americanos, então acabam sabendo alguma coisa apenas sobre essa parte do ocidente – mas sobre a América do Sul não sabem muito mesmo…
Eu morri de rir, em Hue, quando o nosso guia disse que ia nos mostrar uma árvore frutífera muito exótica, típica da região. Eu fiquei super curiosa para saber o que era – e ele nos levou até um pé de carambola, rsrsrs…
Carla, percebi que eles não sabiam nem em que hemisfério fica o Brasil, pois sempre achavam que estávamos no inverno! Mas esse desconhecimento é recíproco, né? Muita gente aqui me disse que nem sabia que o Laos era um país! Todo mundo conhece o Vietnã, mas sempre associando-o à guerra e por aí vai…
Carambola exótica? rsrs A guia também nos mostrou ata (bom, eu chamo de ata, mas talvez você conheça como pinha ou fruta do conde) e para os londrinos era novidade, mas eu já tive no quintal de casa! Acho que na variedade de frutas é até difícil bater o Brasil. ;-)
É verdade, o desconhecimento é recíproco mesmo. Acho que a gente só tem essa informação porque vai atrás dela especificamente, com as pesquisas para as viagens e agora com o 198 Livros… Se depender da vida diária, da TV e dos jornais, continuamos na ignorância…
Olha que interessante: aqui em Niterói nós chamamos de pinha, mas no Rio é mais comum dizer fruta do conde. E uma cidade fica apenas a 20 km da outra!!! Temos variedade não apenas das frutas, mas também de vocabulário…
Só mesmo os doidos por viagens ou geografia, né? E ainda assim tenho tomado alguns sustos nos sorteios dos países!