Nazaré e Peniche: duas belezas portuguesas

Depois de conhecermos os Mosteiros da Batalha e de Alcobaça, ainda nos sobrava um tempinho antes que escurecesse. Se tivéssemos saído de Óbidos mais cedo, provavelmente poderíamos ter ido também a Tomar para conhecer o Convento de Cristo, mas não foi esse o caso. Fizemos então o caminho de volta com um pequeno desvio para passar pelo litoral. Nosso próximo destino era Nazaré. Os brasileiros ouviram falar muito de lá e de suas ondas gigantes no ano passado, por causa do acidente com a surfista Maya Gabeira, mas os portugueses já descobriram a pequena vila de pescadores há tempos e lotam Nazaré durante o verão. Nós estivemos em Portugal no inverno e já sabíamos que encontraríamos uma praia vazia, mas o que eu não imaginava é que havia um litoral tão bonito no centro do país! O mar azul, a faixa larga de areia e as falésias eram uma combinação perfeita!

Chegamos lá por volta das 17h. A cidade estava quase deserta. Fomos direto para a praia, pois o que queríamos mesmo era ver o mar. Há vários restaurantes próximos à Rua da República e Nazaré tem a fama de ter uma excelente culinária de frutos do mar (seria só para o Eduardo, claro), mas quase todos estavam fechados àquela altura. Nos contentamos então em nos esquentar com o restinho de sol que não tardaria a sumir.

Vi muito pouco, mas ainda assim Nazaré me impressionou. Fiquei com vontade de voltar lá no verão para ver a cidade transformada. E com mais tempo, é claro, pois  o que tive foi só uma pequena amostra. Nem pegamos o ascensor para ter a vista da cidade desde o Promontório do Sítio, a atração mais famosa de Nazaré. Ficou para a próxima, porque é certo que voltaremos a Portugal.

Continuamos seguindo viagem rumo a Óbidos pelo litoral e ainda bem que não esperamos o anoitecer em Nazaré, pois no caminho fomos brindados com lindas paisagens que ficariam escondidas quando o sol se fosse.

Ainda passamos por São Martinho do Porto, uma cidadezinha com menos de 3 mil habitantes. Anoitecia, o comércio baixava suas portas e as pessoas voltavam para casa. Do outro lado da baía ficava Salir do Porto, que parecia ainda menor. São Martinho atrai muitas famílias com crianças durante o verão e a praia com faixa de areia larga e águas calmas deve ser mesmo ideal, mas a enorme quantidade de prédios com apartamentos de aluguel à beira-mar tiram um pouco do charme do lugar. Uma pena, pois a praia é linda.

Na manhã seguinte, queríamos aproveitar um pouco mais o carro que tínhamos alugado em Caldas da Rainha antes de devolvê-lo. O bom de Portugal é que é tudo muito perto. Olhamos no mapa o que mais havia na região de Óbidos e decidimos ir a Peniche. E que decisão acertada! Eu nem acreditei quando chegamos lá! Peniche é um sonho de tão linda! Se eu já havia achado a costa de Nazaré bonita, mal imaginava o que iria encontrar no dia seguinte! Enquanto contornávamos a península em que se situa a cidade, eu não consegui conter os cliques na câmera e o Eduardo era obrigado a parar o carro toda hora para namorarmos a vista.

Se não tivéssemos que devolver o carro até a hora do almoço, com certeza teríamos passado mais tempo em Peniche. A cidade é muito gostosa, com um visual deslumbrante e com um astral muito legal. Mesmo sendo inverno, várias pessoas praticavam esportes ao ar livre e velhinhos se sentavam nas praças para tomar sol e bater um papo. Mas tínhamos pouco tempo, então fomos direto conhecer a Fortaleza de Peniche.

A Fortaleza foi construída no século XVI e foi perdendo sua função de defesa ao longo do tempo. Durante a ditadura de Salazar ela foi convertida em prisão política e algumas de suas histórias mais interessantes dizem respeito a fugas de alguns prisioneiros nesse período. Hoje, assim como no restante da cidade, uma de suas principais atrações é a vista que se tem de lá.

A entrada à fortaleza é gratuita. Lá dentro fica o Museu Municipal, esse sim com entrada paga, mas acontecem algumas exposições temporárias fora do museu. Nós tivemos a sorte de passar por lá quando acontecia uma exposição em homenagem aos 90 anos de José Saramago. Mesmo para quem não conhecia a obra de Saramago, era bem legal!

O tamanho reduzido de Portugal nos engana. Temos a impressão de que podemos conhecer tudo em pouco tempo e é verdade que viajamos de uma cidade a outra em poucos minutos, mas a maioria delas merece mais do que algumas horas para ser apreciada como se deve. É o caso de Nazaré e Peniche. Fica sempre aquele gostinho de quero mais, o que também é bom, né? Ruim mesmo é sair de um lugar sem querer colocar os pés nele novamente, mas isso definitivamente não aconteceu com a gente em Portugal! :-)

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