Cloudstreet, do escritor Tim Winton, é mais um livro grandioso, em vários sentidos. Para começar, ele tem mais de 400 páginas. O romance acompanha duas famílias do interior da Austrália, os Pickles e os Lambs, que por obra do destino acabam dividindo uma casa marcada pelas lembranças do passado numa imaginária rua chamada Cloudstreet, em Perth. A história abrange um período de 20 anos, entre as décadas de 40 e 60, além de algumas referências a fatos ainda mais distantes. Eles viram a guerra passar, tiveram medo do comunismo invadir suas vidas e sentiram no dia a dia as transformações de seu país, mas de certa forma o livro é atemporal. O contexto é bem doméstico e o foco está mais nas relações interpessoais e no crescimento individual.
Enquanto os Lambs são empreendedores e esforçados, os Pickles são preguiçosos e irresponsáveis. Sam Pickles, o pai, é viciado em jogos. Dolly, a mãe, é alcoólatra. A exceção é Rose Pickles, a garota que tem que crescer na marra ao lado de uma mãe negligente e de um pai que ela ama, mas ao mesmo tempo despreza, e de dois irmãos inexpressivos que mal são mencionados no livro. Do lado de lá da casa está a incansável Oriel Lamb e o marido, Lester, além de um punhado de filhos, dentre eles Fish e Quick. Sam havia perdido os dedos em um acidente de trabalho. Fish se afogou e voltou à vida por milagre, de acordo com Oriel, mas não por inteiro. As duas famílias chegam a Perth marcadas por tragédias, mas suas formas de seguir com a vida são totalmente distintas.
Tenho certeza de que não consegui perceber todos os detalhes do livro, por dois motivos: pela falta de percepção mesmo, principalmente, mas também pela dificuldade de entender a linguagem. Quando acho que já estou ficando boa no inglês, me vem um livro como Cloudstreet para me mostrar que eu não sei é nada! Queria que alguém realmente fluente me falasse se estou certa, mas a impressão que tive é que o livro é cheio de regionalismos, com palavras que só existem no inglês australiano e com muitas outras escritas do jeito que se fala. Só sei que muitas vezes nem o dicionário me salvou!
Cloudstreet é cheio de simbolismos que eu terei que deixar para discutir nos comentários com quem já leu o livro, sob pena de contar mais do que devo aqui. A história caminha para uma espécie de redenção, para uma reconciliação com o passado. Sei que precisei reler a última cena do livro algumas vezes e ainda assim não soube como interpretá-la ao certo. Fico com o final mais plausível ou com aquele que quero que seja o verdadeiro? Sem dúvidas é um livro instigante, que à primeira vista não revela o quanto é complexo, e que um dia eu com certeza irei reler.
Cloudstreet foi publicado originalmente em inglês, em 1991, pela McPhee Gribble.
Mais livros de autores australianos:
- The Night Guest, Fiona McFarlane
- Uma Fração do Todo, Steve Toltz
- Barley Patch, Gerald Murnane
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Esse livro já tem tradução para o português e se chama Fôlego. Eu pesquisei agora no skoob e acho que pelo enredo é isso mesmo! Anotado!
Que bom!
Esse será o meu livro número 198 rsrs
E bem que podia aparecer uma tradução até lá, né Lucimara? ;-)
Seria maravilhoso Camila! Tenho medo de não conseguir ler esses livros interessantes. Mas não vou deixar de tentar!
Camila, gostei bastante do livro e, como você, sofri para ler!
Um dia me atrevo a reler, Lu!