No post anterior eu mostrei a transformação gigantesca pela qual Skopje está passando. O centro da cidade ganhou obras faraônicas que dividem opiniões, mas para os turistas virou um lugar muito bacana. Nosso tempo para aproveitar Skopje foi bem curto. Chegamos lá no início da tarde e na manhã seguinte já fomos para o Kosovo. Na volta de Pristina tivemos mais uma tarde e uma noite em Skopje e no dia seguinte fomos para o sul do país. Resumindo, ficamos lá apenas duas tardes e duas noites. Foi pouco tempo, mas o suficiente para termos uma boa noção da cidade e vermos suas principais atrações. Com um dia inteiro dá para fazer todo esse roteiro e eu recomendo fortemente que você passe pelo menos uma noite lá. É que quando as luzes se acendem os arredores do Rio Vardar e da Plostad Makedonija (Praça Macedônia) ficam ainda mais interessantes. As fontes são ligadas e as pessoas invadem as ruas. Nós estivemos lá sem setembro, mas imagino que no auge do verão o clima seja ainda mais legal.
Fugindo um pouco da praça e seguindo pela rua Macedônia, uma rua para pedestres deliciosa, a gente chega à Casa Memorial de Madre Teresa. Você sabia que Madre Teresa nasceu em Skopje? Eu também não sabia, mas os macedônios têm o maior orgulho disso. Seu nome verdadeiro era Anjezë Gonxhe Bojaxhiu e ela tinha etnia albanesa, o que a torna uma figura muito cultuada na Albânia também. O memorial é pequeno e a visita é rápida, mas interessante. O prédio em que ele está instalado chama atenção, pois tem uma arquitetura nada convencional. A entrada é gratuita. O memorial fica aberto de segunda a sexta, das 9h às 20h, e aos sábados e domingos, das 9h às 14h.
Do outro lado do Rio Vardar fica uma das áreas mais interessantes de Skopje e que conta um pouco de sua história: Čaršija, o antigo bairro otomano. Chegar ali é como viajar no tempo e no espaço, pois a área é bem diferente do centro da cidade. Percorrendo aquelas ruas de pedra eu me senti de volta a Istambul. Havia poucos turistas, ainda menos que no centro, e o comércio parecia ser bem local. Por causa disso era até um pouco constrangedor, pois as pessoas nos encaravam um pouco, mas nada que fosse ofensivo e estragasse nosso passeio. Difícil mesmo foi encontrar algo para eu comer por ali, pois a especialidade local era o kebab. O jeito foi me contentar com o burek de queijo (já falei dele aqui). Como era só o início da viagem, ainda não tinha dado tempo de enjoar. =)
Pertinho do bairro otomano fica a Tvrdina Kale, uma fortaleza do século VI. Bom, pouco dela permaneceu de pé, principalmente depois do terremoto de 1963, que causou grande estrago em Skopje, mas na última década as muralhas externas foram reconstruídas. E o que dá para fazer lá dentro é só mesmo percorrer a muralha, pois no centro só restam ruínas. O melhor lá de cima é a vista. Além de ver o canteiro de obras em que Skopje se transformou, a gente tem uma ótima vista das montanhas que circundam a cidade.
Ao lado da fortaleza fica a Mesquita Mustafa Pasha, de 1492, mais um vestígio do período otomano na Macedônia. Nós só fomos até o jardim dela, não entramos. Sei lá, não era um lugar turístico, quem estava lá estava rezando, então achamos melhor respeitar.
Ainda do outro lado do rio fica um lugar que eu fiquei bem curiosa para conhecer desde que soube sua história: a igreja Sveti Spas, a mais antiga igreja preservada de Skopje, construída inicialmente no século XIV. Na época os otomanos não permitiam que as igrejas fossem mais altas que as mesquitas e por isso essa igreja foi construída parcialmente subterrânea. A porta fica no nível da rua, mas então a gente desce uma escadinha para acessar a nave. Por ser uma igreja ortodoxa, lá dentro não há nenhuma estátua, apenas pinturas. E que pinturas! Uma enorme iconóstase – uma espécie de biombo de madeira – do século XIX com 10 m de largura e quase 7 m de altura serve de base para pinturas que representam cenas bíblicas. Éramos os únicos lá dentro durante a visita. A entrada, em setembro de 2014, custou 120 denares por pessoa. A Sveti Spas fica aberta de terça a domingo, das 8h às 15h.
Para encerrar, só falta falar sobre comida! Como passamos pouco tempo lá, acabamos não conhecendo muitos restaurantes. Como eu já comentei, Čaršija é um bom lugar para comer kebabs ou bureks, mas na beira do Rio Vardar há vários restaurantes e, ao contrário do que eu imaginava, os preços não são abusivos. Almoçamos em um deles, chamado Dion. O Eduardo pediu um prato típico (uma mistura de carne, queijo e molho) e eu um risoto e com as bebidas e gorjeta nossa conta deu 800 denares. Não era barato como no Kosovo ou na Albânia, mas nem se compara com Brasil. O atendimento e a comida foram bons.
Outro restaurante que conhecemos foi o Stara Gradska Kuca, que o Lonely Planet descreve como tradicional e turístico e é tudo isso mesmo, mas nós jantamos lá e o que mais havia era gente que parecia ser da cidade. Ele fica em uma linda casa restaurada e por isso já valeria a visita. Para experimentar comida típica macedônia com certeza é um ótimo lugar. Nosso jantar, com bebidas e gorjeta, deu 1250 denares. Sim, era bem estilo pra turista ver, tinha um grupo cantando músicas típicas no meio das mesas, mas turista não é o que somos? ;-) Nós não vimos tudo o que tinha pra ser visto em Skopje, não visitamos os museus e não tivemos tempo de fazer os passeios nos arredores da cidade, mas não sofremos por isso. Andar pelas ruas e passar um tempo sentado nas praças e ruas para pedestres observando o vai e vem das pessoas já nos deixou satisfeitos. Mas saímos de lá com a vontade de retornar daqui a alguns anos para ver no que a cidade se transformou. Uma coisa é certa: o resto do mundo já terá descoberto Skopje.
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BOA TARDE, SEU ROTEIRO PELOS BALCÃS FOI REALIZADO DE QUE MEIO DE TRANSPORTE. CARRO ALUGADO, TREM OU ONIBUS?
George, neste post detalho meu transporte pelos Balcãs: https://www.viaggiando.com.br/2015/01/transporte-nos-balcas.html
Beja também o post-índice sobre essa viagem: https://www.viaggiando.com.br/2015/12/viagem-aos-balcas.html
Camila,
Post muito bacana! Pelas suas fotos, achei o bairro antigo bem parecido com o de outra cidade que merece muito ser visitada – Sarajevo, a capital da Bósnia. A semelhança chega até ao nome do bairro, que lá se chama Baščaršija, e na comida, o onipresente burek. Não chega a ser surpreendente, já que tanto a Bósnia quanto a Macedônia pertenceram à Iugoslávia.
Marcelo, imagino que a influência turca esteja presente em vários lugares dos Balcãs. Se não me engano, Čaršija significa bazar e cada lugar por onde os otomanos passaram deve ter o seu, né? Quanto ao burek, comi também na Bulgária, na Albânia e no Kosovo. Só mudava o nome. =)