Há um museu nos arredores de Ouro Preto que com certeza não recebe a atenção que merece. Desconfio que muita gente traça seu roteiro pelas cidades históricas e só não o visita porque não fica nem sabendo que ele existe. Estou falando do Museu das Reduções, que fica no distrito de Amarantina, a cerca de 30 km do centro de Ouro Preto.
A primeira vez que estive lá foi em 2009, numa época em que o Viaggiando já até existia, mas sei lá porque não falei sobre ele aqui. (Ops! Errei! Na verdade foi 2006!) Não foi porque não gostei, tanto que desde então eu pensava em voltar. No final do ano passado aproveitamos uma viagem de fim de semana para Lavras Novas para no caminho conhecer a Matriz de Nazaré em Cachoeira do Campo e voltar ao museu.
O Museu das Reduções é, como o nome já entrega, um museu de miniaturas. Ao longo da exposição a gente tem um verdadeiro retrato do Brasil através de réplicas de construções emblemáticas de diversas regiões do país. São 29 peças que representam monumentos de 15 estados brasileiros.
A história do Museu das Reduções é muito legal. Ele foi idealizado pelos irmãos Vilhena: Ênio, Décio, Evangelina e Sylvia. Eles já tinham se aposentado quando começaram a se dedicar ao artesanato e foi só quando Sylvia e Evangelina conheceram um museu de miniaturas em uma viagem à Holanda que surgiu a ideia de fazer algo parecido por aqui.
A obra mais recente do museu é a Igreja de São Francisco, em Ouro Preto, mas ela ficou inacabada. Finalizada com certeza ela ficaria linda, assim como a obra original, mas do jeito que está ela de certa forma serve para nos mostrar como o trabalho era executado. Logo atrás fica a obra mais antiga, de 1978: uma réplica da Igreja de Nossa Senhora das Dores, de Campanha, cidade do sul de Minas e terra natal dos irmãos Vilhena.
Cada um dos irmãos tinha funções diferentes. Em linhas gerais, Evangelina ficou responsável por viajar pelo Brasil escolhendo e fotografando os monumentos e também por gerir o projeto. Ênnio foi o artesão-mor, confeccionou não só as minúsculas peças que compõem as obras como também as ferramentas em miniatura necessárias para esse ofício. Sylvia ficou com a arte em pedra, incluindo a pedra são, tão comum nas igrejas mineiras. Décio foi o autor da arte em madeira. O resulto desse trabalho em conjunto é uma das exposições mais belas e delicadas que eu já vi!
As construções foram reproduzidas na escala 1/25 e o mais legal é que elas foram feitas com os mesmos materiais das construções originais. É impossível não se impressionar com a habilidade desses irmãos que trilharam carreiras totalmente alheias à arte e que depois se dedicaram a aprender e aperfeiçoar um trabalho tão delicado e precioso.
O museu foi inaugurado em 1994 e em 2004, quando Evangelina faleceu, os outros irmão acabaram se desligando da atividade. O Museu das Reduções passou então a ser administrado por Carlos Vilhena, filho de Ênnio. Aposto que se estivesse no centro histórico de Ouro Preto ele receberia muitos visitantes, mas estando em Amarantina ele atrai um público muito pequeno. É uma pena, pois o acervo é fantástico!
O nível de detalhamento das réplicas é impressionante. Cada pedacinho das construções foi reproduzido com o maior cuidado e às vezes o interior também é ornamentado. Em algumas peças há lâmpadas funcionando e até móveis em miniatura.
A maioria das réplicas representam nosso patrimônio histórico do período colonial, que é mesmo lindo e merece ser exaltado, mas há também algumas reproduções de construções mais modernas, como o Palácio da Alvorada de Brasília. E o danado ficou bonito! Que outra chance eu teria de vê-lo assim, de cima?
Como sou mineira, é claro que prestei bastante atenção na réplica da Igreja São Francisco de Assis, ou Igrejinha da Pampulha, como ela é mais conhecida. Os painéis de Portinari estão lá, pintados um a um. O guia do museu nos disse que a pintura dos azulejos não foi feita pelos irmãos Vilhena, mas encomendada a uma artista, e que quando as peças chegaram eram um verdadeiro quebra-cabeças para ser montado. Niemeyer deve ter ficado orgulhoso!
Acho que a essa altura eu já consegui convencer vocês do quanto o Museu das Reduções é legal, né? Então agora vamos fazer uma brincadeira! Será que você conhece todos esses marcos arquitetônicos brasileiros? Quem sabe não há alguma construção da sua cidade representado aqui? Pra saber se acertou é fácil, é só passar o mouse em cima de cada foto para saber o local certinho. Boa sorte! :-)
INFORMAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O MUSEU DAS REDUÇÕES
Site oficial: www.museudasreducoes.com.br
Endereço: Rua São Gonçalo, 131 Amarantina – Distrito de Ouro Preto
Telefone: (31) 3553-5182
Horário de Funcionamento: De quarta a segunda, das 9h às 16h
Entrada: R$10,00 (estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam meia)
Fotografia: Não é permitida (para as fotos desse post pedi autorização para fotografar com antecedência)
Tempo de Visita: Em menos de uma hora dá para ver tudo com calma.
Veja todos os posts sobre a Estrada Real no Viaggiando.
Prezados, ficamos muito felizes com as postagens, que, na verdade, só nos motiva mais a lutar contra todas as dificuldades e manter aberto ao público essa jóia da arte e da criatividade do povo mineiro. Santuário da arquitetura nacional, com representações arquitetônicas de 5 séculos, o Museu sobrevive graças ao nosso compromisso moral com pai e tios e aos projetos através das leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura, e à sensibilidade da CEMIG e da GERDAU. Ver esta matéria, no entanto, ratifica a certeza que temos: VALE A PENA o sacrifício.
Carlos, nós que visitamos o museu somos felizes de poder desfrutar desse compromisso. A obra que seu pai e tios deixaram é uma lembrança que merece ser honrada. É uma pena que, pela localização, o museu acabe recebendo menos turistas do que merece, mas eu sei que fazer um pequeno desvio na estrada para conhecê-lo vale muito a pena!
Quando estive em Ouro Preto, sabia da existência do Museu. Porém o tempo que tive não foi suficiente. Depois de ler seu post, Camila, fiquei com vontade de voltar por lá e com certeza irei conhecer esse Museu
É uma pena que ele fique meio fora de mão, né? Se voltar a Ouro Preto não deixe de conhecer, Marcia! É muito bacana!