Mina da Passagem, em Mariana

Não é à toa que as minas estão até no nome de Minas Gerais. O que fez os portugueses e desbravadores brasileiros se afastarem do litoral e se embrenharem terra adentro foi a descoberta de grande quantidade de ouro na região, o que deu origem ao Ribeirão do Carmo, hoje Mariana, a partir de onde o estado surgiu. Imagino a loucura que deve ter sido o século XVIII por aqui, com lendas a respeito de ouro brotando de todo lado e gente correndo para cá com o sonho de tirar a sorte grande e enriquecer! Até hoje a mineração é uma das principais atividades econômicas do estado (nossas montanhas descascadas que o digam!), então conhecer uma antiga mina de ouro de certa forma é conhecer uma parte importante da história de Minas Gerais. Foi o que fizemos assim que chegamos em Mariana: já corremos para visitar a Mina da Passagem.

A Mina da Passagem fica em Passagem de Mariana, um distrito de Mariana a caminho de Ouro Preto. O ouro nesse local foi descoberto em 1719, mas só 100 anos depois a mina começou a ser explorada de verdade, com a chegada dos ingleses e da tecnologia que os portugueses não tinham. Ao contrário do que eu pensava, essa mina não utilizou mão de obra escrava, pois na época a Inglaterra já havia abolido a prática da escravidão. Os trabalhadores da Mina da Passagem eram assalariados, mas ainda assim as condições de trabalho eram precárias. Ainda hoje o trabalho em minas não é nada fácil, né?

Estima-se que foram retiradas 35 toneladas de ouro da Mina da Passagem. Ela foi explorada até a década de 70, mas aí o ouro foi ficando cada vez mais escasso, já não compensava. A família Rodrigues, que já era sua dona então, percebeu que abrir a mina ao turismo seria mais vantajoso. E ela estava certa. Hoje a Mina da Passagem é a maior mina de ouro aberta à visitação do mundo e uma média de 300 turistas visitam o local diariamente. Não foi o caso do dia em que estivemos lá, uma quarta-feira na hora do almoço. O Eduardo e eu fomos os únicos visitantes naquele momento.

A descida à mina se dá através de um antigo trolley, o mesmo que carregava os mineiros há 200 anos. Não é preciso ter medo, o carrinho é barulhento e parece não oferecer muita segurança, mas a descida é tranquila, tanto que até crianças podem fazer o passeio.

A gente desce 315 metros de extensão e chega a 120 metros de profundidade. Apenas uma pequena parte da mina está aberta para visitação pública. A guia nos disse que os túneis chegam até a entrada de Ouro Preto! A temperatura lá embaixo é bem agradável, ficando sempre entre 17 e 20 graus Celsius. Fazia tanto calor lá fora que entrar na mina foi um verdadeiro refresco!

O passeio é guiado. Como os visitantes éramos só nós dois, pudemos conversar com nossa guia à vontade. Ela foi nos mostrando os diferentes tipos de minerais visíveis nas paredes das minas. O que mais chama atenção é a pirita, o famoso ouro de tolo que ainda engana os menos experientes. Eu achava que nessas grandes minas o ouro aparecia em forma de pepitas, mas ela nos explicou que o ouro ali está em formato de pó. Na época áurea da Mina da Passagem, a terra era revolvida e dela era retirada grande quantidade do pó valioso. Mais difícil do que eu pensava!

Numa cavidade há um pequeno altar dedicado a Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros (dos trabalhadores, não dos nascidos em Minas Gerais!). Mesmo com a proteção da santa, a Mina da Passagem não ficou imune a acidentes. O que não faltam são histórias medonhas e lendas de fantasmas que até hoje assombram a mina. Eu, hein! O que eu perguntei pra guia é se às vezes a energia acaba e as luzes se apagam no fundo da mina. Ela disse que sim, mas que felizmente nunca aconteceu com ela. Ainda bem que as lanternas dos celulares hoje são potentes. Por via das dúvidas, verifique se sua bateria está carregada!

As partes mais bonitas da mina para mim são os lagos de água transparente que se formaram quando a água parou de ser retirada do fundo da mina através de bombas. Minhas fotos ficaram péssimas, mas acreditem em mim! Só não se deixe enganar pela beleza da água, pois ela é contaminada por arsênio e imprópria para consumo. É possível mergulhar na Mina da Passagem. A empresa Divegold é a única autorizada a oferecer a experiência.

Na saída da mina passamos por um pequeno museu que expõe peças e equipamentos que eram utilizados na exploração do ouro na Mina da Passagem. No complexo há também um restaurante, mas ele estava fechado no dia em que estivemos lá (como eu já disse, era uma quarta-feira).

A visita à Mina da Passagem foi um passeio muito bacana que me ensinou um bocado sobre a história de Minas Gerais. Só achei a entrada bem carinha. E bem que poderiam aceitar cartão!

MINA DA PASSAGEM: INFORMAÇÕES PRÁTICAS

Site oficial: www.minasdapassagem.com.br

Endereço: Rua Eugênio Eduardo Rapallo, 192 Passagem de Mariana – Distrito de Mariana

Telefone: (31) 3557-5000 ou 3557-5001

Horário de Funcionamento: Às segundas e terças, das 9h às 17h, e de quarta a domingo, das 9h às 17h30.

Entrada: R$ 39,00 a inteira (não aceitam cartão)

Fotografia: Permitida

Tempo de Visita: Cerca de 40 minutos

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