Varna foi nosso primeiro destino na Bulgária. Bom, na verdade tínhamos passado por Sofia, mas muito rapidamente. Chegamos à noite na cidade e na manhã seguinte já partimos para Skopje, então não tivemos tempo de conhecer nada além do aeroporto e da rodoviária. Depois de duas semanas na Macedônia, Albânia e Kosovo, estávamos de volta à Bulgária. Agora iríamos cruzar o país de leste a oeste, começando em Varna e terminando em Sofia.
Logo vimos que as coisas na Bulgária seriam mais fáceis que nos países vizinhos. Na porta do aeroporto pegamos o ônibus 409 e em 15 minutos ele nos deixou pertinho do nosso hotel, que era melhor do que esperávamos e tinha uma localização excelente, numa rua de pedestres no miolo da cidade. (Já falei sobre o transporte e a hospedagem nos Balcãs em posts mais antigos aqui no blog.)
Deixamos as mochilas no hotel e almoçamos em um restaurante lá pertinho pra já começarmos a explorar a cidade. O dia estava lindo, a temperatura estava agradável e as ruas estavam cheias de gente. Parecia promissor! A rua para pedestre não era uma mera faixa, ela ia emendando com outras e chegava até a praia. Ah, pois é, esqueci de falar para vocês que Varna fica no litoral da Bulgária, às margens do Mar Negro. Então fomos andando pelas ruas de pedestres, sem pressa, só curtindo a cidade.
Varna era candidata a Capital Europeia da Cultura 2019 e talvez por isso a cidade estivesse cheia de obras, ou melhor, recém-reformada. Dava para ver que muita coisa tinha sido feita há pouco tempo e ainda havia resquícios de obras em algumas partes. Pensei que quando tudo estivesse pronto ela ficaria ainda mais legal, mas a verdade é que Varna já estava pronta para receber os turistas. Por todo lado havia placas indicando a direção e a distância para os pontos turísticos em búlgaro e em inglês, além de mapas enormes que indicavam até os pontos e linhas de ônibus. Não tínhamos visto nada parecido naquela viagem!
O que eu não imaginava encontram em Varna era um rico acervo de arquitetura Art Nouveau! Mas pra não deixar esse post maior do que ele precisa ser, vou deixar esse assunto para um próximo capítulo!
Nossa caminhada era sem compromisso, mas tinha um destino: o Mar Negro. Não demorou muito e lá estava ele! Tínhamos andado apenas pelas ruas de pedestres, sem precisar cruzar uma única avenida. Que cidade deliciosa era Varna!
Mas quando achamos que iríamos dar de cara com o mar, nos deparamos foi com um muro! Que decepção! Não havia caminho direto para o mar, só esse paredão de concreto e a passagem pelos fundos dos bares, a maioria fechada no fim do verão. Que atrocidade! A praia parecia apartada do resto da cidade.
Cruzamos a barreira horrenda e chegamos à praia, mas ela estava totalmente vazia. A construção ao redor da praia foi realmente decepcionante, então só demos uma olhadinha e voltamos para trás. A cidade estava mais interessante.
Dormimos cedo nesse primeiro dia. Tínhamos acordado de madrugada para pegar o avião em Tirana e estávamos um caco, mas na manhã seguinte levantamos animados.
O dia estava ainda mais bonito que o anterior, não havia uma única nuvem no céu. Nosso hotel era mesmo muito bem localizado, ficava ao lado da Varna Opera Theatre. O teatro foi inaugurado em 1932. Pela beleza exterior do prédio, imagino que por dentro ele também seja lindo. Queríamos ter assistido a algum espetáculo, mas de última hora não conseguimos nada. Você pode ter mais sorte se ficar de olho no site do teatro.
Depois fomos visitar a Catedral da Assunção da Virgem, talvez a atração mais famosa de Varna, tanto que ela serve como ponto de referência na cidade. Foi lá que descemos vindo do aeroporto no dia anterior, mas só agora estávamos conhecendo-a de verdade. Ela foi inaugurada em 1886 em homenagem aos soldados russos que lutaram pela liberação da Bulgária na guerra russo-turca. A Catedral da Assunção é a segunda maior igreja ortodoxa da Bulgária, só perdendo para a Catedral Alexander Nevsky , em Sofia. A entrada é gratuita.
De lá fomos para o Museu Arqueológico de Varna. Como Varna era nosso primeiro destino na Bulgária, foi legal para conhecermos um pouco da história do país. O museu é bem legal. Me surpreendi ao descobrir que a região de Varna guarda vestígios de ocupação humana que datam do Período Paleolítico, a chamada Idade da Pedra Lascada. No museu estão expostas muitas peças de cerâmica e ouro de 4.000 a.C. e até mais antigos. Para quem gosta desse tipo de história, o Museu Arqueológico é um prato cheio. A entrada custa 10 leves.
À tarde voltamos para a região da praia, mas antes passamos nas Termas Romanas. Não sei se ela estava fechada ou se nós é que não encontramos a entrada, mas acabamos só conseguindo ver as ruínas pelo lado de fora. O bom é que mesmo da rua a gente consegue ter uma visão boa. As termas foram construídas no século II e são a maior construção dessa época descoberta em Varna. Apenas uma pequena parte do complexo foi preservada. Se tiver interesse em visitá-lo, consulte aqui os horários de funcionamento. A entrada custa 4 leves.
Ao lado das termas há uma pracinha super gostosa. Não descobri o nome dela, mas me pareceu que era ela anexa a uma igrejinha que ficava por ali. É um bom lugar para descansar as pernas no meio do passeio.
E lá fomos nós para a praia de novo! Resolvemos dar uma segunda chance porque vimos que dava para chegar à praia por uma outra entrada, passando por dentro de um clube chamado Primorski. A entrada fica mais ou menos na altura das Termas Romanas, no final da Rua San Stefano. Foi bem mais agradável do que a experiência do dia anterior! Ainda acho que seria lindo se a rua para pedestres terminasse no mar, mas já que não é o caso, vamos entrar pelo clube!
A praia não estava cheia, mas tinha uma garotada lá jogando bola e uns poucos animados entrando na água. Era final de setembro e um ventinho frio já começava a soprar. Nós só molhamos o pé na água mesmo, só pra dizer que tínhamos estado no Mar Negro! No verão imagino que o astral ali seja outro. Deve ser legal, pois a praia é bonita e a faixa de areia bem grande.
À direita da praia fica o Porto de Varna. Nós começamos a ir para lá, andando em um muro que fica ao lado do mar, mas éramos os únicos pedestres por ali e eu fiquei meio desconfiada. Sei lá se era uma região segura ou não, preferi não arriscar. Mas mesmo de longe fiquei namorando os navios que partiam para outros destinos do Mar Negro. A Geórgia e a Ucrânia estavam logo ali, do outro lado daquele mar! Em abril desse ano, quando estive na Geórgia, fiquei me lembrando desse dia!
Do outro lado da praia, num terreno um pouco mais elevado, fica o Parque Primorski. Ele é um parque linear que corre paralelamente ao mar por cerca de 4 km. Chegamos lá já no fim da tarde e ele estava lotado de crianças andando de bicicleta, patins, patinetes, e também de adultos e adolescentes simplesmente passeando. É um lugar muito bacana! Ver aquele tanto de gente aproveitando a tarde de forma tão gostosa me deu a impressão de que eles têm mais qualidade de vida, sabe?
E pra deixar o Parque Primorski ainda mais legal, bastava olhar para o lado e lá estava o Mar Negro! É ou não é um lugar fantástico? Foi o meu lugar preferido em Varna. Ao fim desse dia eu sabia que tínhamos começado nossa viagem pela Bulgária com o pé direito.
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