Goris não era um destino em si no nosso roteiro. A princípio, a cidade no sul da Armênia era apenas a base para que conhecêssemos o Mosteiro de Tatev, esse sim considerado imperdível. Antes da viagem não sabíamos que por lá ainda descobriríamos outra atração fantástica: a antiga vila de Khndzoresk e sua surpreendente ponte suspensa. Com esses vizinhos de peso, Goris era apenas uma parada no meio do caminho. Há quem inclusive prefira fazer um bate e volta a partir de Yerevan, mas eu acho que os 250 km que separam Goris da capital são motivos suficientes para que a gente passe pelo menos uma noite na cidade. Um bate e volta de 500 km é demais para o meu gosto, ainda mais enfrentando as estradas armênias.
Goris fica no sul da Armênia, bem próxima às fronteiras com o Irã e com o Azerbaijão, o que faz com que ela seja um ponto de passagem inevitável para quem vai de Yerevan para o Irã ou para Nagorno-Karabakh. Mas a importância de Goris vai além de sua posição geográfica nos dias de hoje. Na verdade a região é habitada desde a Idade da Pedra.
Hoje Goris é uma cidade tranquila de cerca de 20 mil habitantes. Chegamos lá numa segunda-feira após o Domingo de Páscoa e acho que esse dia é feriado na Armênia. A cidade estava deserta, um paradão assustador. Demos uma volta e não vimos mais nenhum turista. No hotel em que estávamos havia mais duas famílias hospedadas, mas nem eles nós vimos fora do hotel. Sentíamos os olhares das pessoas sobre nós enquanto andávamos pelas ruas quase vazias. As placas por todo canto estavam escritas apenas em armênio. Ficamos meio perdidos…
Há alguns museus em Goris, mas não fomos a nenhum. Passamos pela Igreja de São Gregório, o Iluminador, o santo padroeiro da Armênia. Ela estava fechada, mas seu exterior já compensava a visita. Que lugar fotogênico! A igreja foi inaugurada em 1904, mas durante o domínio soviético ela foi fechada, sendo transformada em depósito de grãos e posteriormente em museu. Somente em 1989 ela reassumiu suas funções originais.
Aquele dia de cidade vazia acabou sendo uma ótima oportunidade para percorrermos as ruas de Goris e apreciarmos sua arquitetura praticamente sem nenhuma interferência. Logo percebemos um estilo bem característico nas casas de pedras com janelas decoradas. Era final de inverno e as árvores estavam secas, mas imagino como as ruas devem ficar mais bonitas com tudo verdinho.
Mas a principal atração de Goris não está no centro da cidade e sim nos seus arredores. Não é preciso ir longe para encontrá-la, basta seguir para o lado leste da cidade e logo nos deparamos com a Antiga Goris, uma verdadeira cidade das cavernas esculpida nas encostas do morro do outro lado do rio.
Nós nos contentamos em ver a Antiga Goris assim, de longe. A cidade estava tão vazia que ficamos com medo de ficar perambulando pelas cavernas sozinhos. Sabe como é, cisma de brasileiro. Ainda bem que no dia seguinte fomos a Khndzoresk e pudemos ver outras cavernas de perto.
Assim como Khndzoresk, a Antiga Goris é uma cidade das cavernas medieval, construída no século V. Ainda mais antiga é a Basílica de Santa Hripsime, do século IV, recentemente restaurada, mas que também só vimos de longe. Além das cavernas, avistamos as pirâmides de pedra, formações rochosas que também abrigam as cavernas medievais. Elas são chamadas de Floresta de Pedras de Goris.
O dia seguinte foi uma terça-feira, 7 de abril, dia em que é celebrado o Dia das Mães na Armênia. Se tivéssemos chegado a Goris naquele dia nossa primeira impressão teria sido totalmente diferente, pois a cidade era outra! O comércio estava aberto, havia muita gente na rua, enfim, havia movimento. Goris acabou ficando mais colorida para nós. Não tínhamos ficado com uma má impressão, mas ela ficou ainda melhor depois de vermos que havia vida em Goris.
ONDE COMER EM GORIS – DE LUXE LOUNGE CAFE
Sem dúvidas as melhores refeições que fizemos em Goris foram no hotel em que nos hospedamos. Além do café da manhã, jantamos lá nas duas noites que passamos na cidade e essa foi uma excelente forma de conhecer a tradicional cozinha armênia. Vale muito a pena experimentar a comida típica dessa forma tanto na Armênia quanto na Geórgia, mas nem por isso deixamos os restaurantes de lado.
Nossa primeira impressão foi que o hotel seria nossa única opção mesmo em Goris, mas pensamos assim só até encontrarmos o De Luxe Lounge Cafe. Tínhamos andado por outros lados sem sorte, mas ele estava logo ali, na praça principal da cidade. Quando entramos parecia que tínhamos descoberto um oásis!
Na época ele era o único restaurante de Goris listado no Trip Advisor, mas hoje até há outro (Tavern Takarik) mais bem avaliado. Claro que só posso falar do que conheci, então voltemos ao De Luxe Lounge Cafe! O lugar era todo moderninho e o cardápio enorme – em armênio, russo e inglês! – com opções vegetarianas. Não era comida típica armênia, estava mais para comida internacional, mas à noite já tínhamos a chance de comer a comida local, então era bom variar. E o restaurante não era caro. Recomendo!
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Que cidade linda Camila, e as fotos ficaram maravilhosas!
Obrigada, Ana! É mesmo lindinha e forma um super combo com as atrações ao redor.