Eu mesma já estou cansada de bater nessa tecla, mas toda vez que procuro livros de outros países sul-americanos fico decepcionada com o ínfimo intercâmbio cultural que temos com nossos países vizinhos. Tem muita coisa boa sendo produzida em espanhol ao nosso redor, mas pouco é traduzido e publicado no Brasil. É claro que a literatura venezuelana não é exceção. Não é fácil encontrar aqui os clássicos do país e tampouco os contemporâneos. O escritor Jesús Miguel Soto, por exemplo, entrou na lista dos 39 melhores escritores com menos de 40 anos da América Latina de 2017, a Bogotá39, mas nem por isso seu nome apareceu por aqui. Por sorte encontrei um de seus livros em versão digital na Amazon, o Perdidos en Frog, no original em espanhol.
Perdidos en Frog rendeu alguns prêmios a Jesús Miguel Soto e é claro que com esse currículo eu iniciei a leitura com bastante expectativa. O livro é um coletânea de 15 contos e eu não consigo sintetizar o conjunto com uma única palavra. Em geral isso acontece com livros de contos, mas dessa vez achei ainda mais difícil fazer um resumo. Bom, talvez eu possa dizer que são contos curtos, de leitura rápida e fluida e muitas vezes com finais abertos, que deixam margem para interpretações ou simplesmente nos deixam curiosos. Os temas são variados: infância, política, mistério, relacionamentos, cotidiano. Já faz alguns meses que li e alguns deles ainda ressoam na minha memória.
Vocês sabem que no Projeto 198 Livros eu procuro especialmente obras que me contem um pouco sobre a história ou cultura do país e nesse ponto Perdidos en Frog não era o que eu buscava, mas a dificuldade de encontrar livros que se encaixassem nesse critério me fez abrir mão dele.
Foi uma leitura interessante para conhecer um jovem escritor venezuelano, mas que não me falou muito do seu país de origem. As temáticas são contemporâneas, mas talvez decepcionem àqueles que procuram a Venezuela das páginas de notícias. Na verdade as histórias se passam muitas vezes em locais não nomeados. Jesús Miguel Soto vive na Cidade do México desde 2014 e em algumas entrevistas que li ele sempre deixa claro seu forte vínculo com o lugar em que nasceu e cresceu: a freguesia de El Valle, em Caracas. E eu acredito que de alguma forma o lugar de origem sempre permeia a obra de um escritor.
Perdidos en Frog foi publicado originalmente em espanhol, em 2013.
Mais alguns livros de autores venezuelanos:
- Doña Bárbara, Rómulo Gallegos
- Ifigênia, Teresa de la Parra
Saiba mais sobre o Projeto 198 Livros.