Morando em Tbilisi – As Dicas do Neto Macedo

Há uns dias recebi um email do fotógrafo Neto Macedo com uma proposta que achei irrecusável. Ele me disse que tinha morado em Tbilisi, capital da Geórgia, por alguns meses e que, apesar de não ser blogueiro de viagem, estava pensando em publicar um artigo com dicas para outras pessoas interessadas em passar um tempo maior por lá. Eu publiquei poucos posts sobre a Geórgia até hoje, por pura falta de tempo, e adorei a chance de trazer o país de volta ao redor no Viaggiando. Então, com vocês, as palavras do Neto.

Morando em Tbilisi, na Geórgia, por Neto Macedo

Quando decidi me mudar para a Geórgia (ou Saqartvelo) encontrei muitos poucos textos descrevendo como é morar no país. A maioria dos viajantes que escreveram sobre (principalmente em português) foram/são turistas durante suas passagens. Seus relatos me ajudaram bastante, mas naturalmente deixaram vagos alguns pontos que só poderiam ser esclarecidos por alguém que de fato já morou no país.

Meu objetivo com este texto é fazer um guia mais completo sobre a Geórgia, principalmente para quem deseja passar um tempo mais longo no país, seja morando ou não.

É importante já frisar no início do texto: todas as visões aqui expressas são as visões de um estrangeiro brasileiro que morou por 4 meses em Tbilisi. Obviamente, também são percepções pessoais e podem não representar as opiniões de todos os brasileiros/estrangeiros no país.

Tbilisi

Não, não é a Geórgia nos Estados Unidos

A Geórgia (ou Saqartvelo que significa Terra dos Kartvelianos) é um país de cultura milenar situado na região do Cáucaso tendo fronteiras com Rússia, Turquia, Armênia, Azerbaijão. O país é composto por 10 distritos além de 2 considerados (não pela Geórgia) repúblicas autônomas (Abkhazia e Samachablo/Ossétia do Sul). A propósito, não fale para um georgiano que estas regiões são países.

Foi um dos primeiros países a adotar o Cristianismo e isto se reflete nas inúmeras catedrais e igrejas centenárias espalhadas por todo país, algumas delas milenares.

Tbilisi

Não me estenderei aqui sobre as características geográficas, culturais e demográficas do país já que isto pode ser encontrado até mesmo na Wikipedia e neste vídeo. O que é importante saber é que a Geórgia é um país pobre, onde a renda mensal média (principalmente no interior) é muito baixa, mesmo comparado ao Brasil e que é um país recém saído de uma era de dificuldades sob a bandeira da URSS, mas em franca reconstrução e evolução.

Como chegar a Tbilisi

Tbilisi é acessível por vôos quase diários partindo de Kiev e Istambul (e outros fora do meu conhecimento). Há um voo de Guarulhos (GRU) direto para a Turquia (IST), de onde se pode pegar outro voo, ônibus ou trem para Tbilisi. Outra opção é procurar companhias de baixo custo europeias que oferecem voo até o aeroporto de Kutaisi, outra cidade comercialmente importante na Geórgia.

É possível também chegar à Geórgia a partir de outras cidades de países próximos de trem ou ônibus. Para ver passagens de trem basta visitar o site da Georgian Railway.

Alfândega e vistos para passaportes brasileiros

A Geórgia oferece para brasileiros visto de entrada para turismo no momento de chegada ao país. O cidadão brasileiro pode permanecer na Geórgia por 365 dias antes que o visto expire. Para que o visto seja renovado, basta sair e entrar de novo pela fronteira. Talvez uma boa desculpa para viajar e conhecer os países vizinhos?

Esta generosidade para com os nossos passaportes permite a nós brasileiros passar longas temporadas no país sem qualquer problema, sendo possível até viver uma vida cotidiana, alugar casa, pagar contas, conhecer gente nova, desenvolver atividades rotineiras, etc.

Quando chegar ao país, espere talvez uma revista mais vigorosa por parte dos agentes de imigração. Vou citar aqui a Embaixada do Brasil para que você entenda.

“Devido ao fato de que, em 2015, alguns cidadãos brasileiros foram flagrados tentando introduzir drogas na Geórgia, o controle da entrada de cidadãos brasileiros neste país tem sido, a partir de então, especialmente severo, às vezes vexatório. A Embaixada tem protestado e acompanhado o assunto de perto, reduzindo os casos de abuso. Normalmente, após o controle de passaporte, o passageiro é admitido à área de bagagem mas, após pegá-la, é abordado por autoridade local para perguntas e revistas extras, que algumas vezes chegam a ser desagradáveis. Não se conhecem casos de recusa de entrada”.

Em resumo, pode ser que você precise abrir sua mala e mostrar todos os seus pertences, mas fora isso é só responder as perguntas de praxe e receber seu carimbo no Passaporte.

Ao chegar a Tbilisi recomendo fortemente uma visita à embaixada do Brasil no país, localizada numa área central (perto da Praça da Liberdade/Freedom Square), na rua Gia Chanturia. Lá você pode tirar mais dúvidas sobre o país com os funcionários da embaixada e, claro, conhecer metade dos brasileiros que moram na Geórgia que, de tão poucos, são praticamente os funcionários do Itamaraty, além de outros gatos pingados (risos). Há uma comunidade no Facebook.

Aproveite para deixar na embaixada seu email de contato e telefone/whatsapp para receber da embaixada avisos importantes e convites para eventos ligados ao Brasil e aos brasileiros. No 7 de setembro do ano passado por exemplo houve uma recepção no Tbilisi Marriott Hotel com comidas e bebidas brasileiras e presença da comunidade diplomática de outros países.

Mesmo assim, cuidado: a permissão de estadia longa e entrada livre não significa que você pode trabalhar legalmente na Geórgia com passaporte brasileiro. Mesmo que o país não tenha uma fiscalização muito forte neste sentido, se você começar a trabalhar sem documentação adequada você estará trabalhando ilegalmente e consequentemente será um fora da lei no país.

Isto não o impede de morar no país e continuar trabalhando remotamente através do seu computador. Falando em trabalhar remotamente, a Geórgia tem se tornado um reduto para este tipo de profissional. Falo o porquê abaixo.

Tbilisi - Bridge of Peace

Paraíso do trabalho remoto?

Talvez vendo vídeos sobre a Geórgia no Youtube você ache que o país é uma peça de museu parada no tempo mas a Geórgia na verdade possui cidades muito modernas e cheias de recursos. A imagem da Geórgia tradicional/rural ainda pode ser encontrada em alguns lugares mais distantes das maiores cidades, mas Tbilisi e outras cidades grandes no país oferecem todos os recursos presentes em qualquer capital.

Sobretudo em Tbilisi a vida diurna e noturna é agitada, com inúmeras opções de lazer, cultura, socialização e uma presença vibrante de turistas e expatriados (estrangeiros que moram fora de seu país), além de nativos que falam inglês.

Encontrei até mesmo duas georgianas falantes de um português perfeito (com um sotaque de Portugal, é verdade, haha), a Ani e a Elene, e na própria embaixada brasileira (cuja visita já recomendei) fui surpreendentemente recepcionado por uma georgiana também fluente em português.

A burocracia para todos os serviços é incrivelmente baixa. Definitivamente não o que esperaríamos de um país recém-saído do governo soviético.

Quando fui abrir uma conta pessoal no banco (escolhi o TBC, que recomendo) fiquei extremamente surpreso com o quão rápido foi todo o processo. Apresentei meu passaporte para um atendente anglófono e 10 minutos depois saía do banco com um cartão de débito internacional na mão e um aplicativo para gerenciar minha conta no telefone.

O mesmo aconteceu para comprar um chip de celular e ter meu número de telefone georgiano (código de país +995) e de maneira geral para todos os serviços básicos de que precisei. A internet no país é também extremamente rápida de maneira geral e o 3G e 4G acessível na maioria das cidades, mesmo no interior.

Na capital é possível encontrar vários espaços de coworking para chegar, ligar o computador e começar a trabalhar. Mesmo assim, minha dica pessoal é que você escolha a cada dia um lugar diferente. A capital é cheia de bibliotecas públicas com WiFi Grátis, cafés de rua a preços módicos e lugares para se sentar e concentrar no seu trabalho. Os meus preferidos eram o Kiwi Coffee, Fabrika, National Parliamentary Library of Georgia e o Mziuri Coffee.

Uma boa dica: Na National Parliamentary Library você deve se cadastrar para entrar. No cadastro você recebe um cartão com seu nome em Georgiano. Vale a pena pela visita à biblioteca que é linda, vale para ter acesso ao lugar silencioso e ao wi-fi e vai pelo cartão que vai ficar como lembrança de sua passagem por Tbilisi.

Cartao da Biblioteca Parlamentar de Tbilisi

Meu cartão da Biblioteca Parlamentar de Tbilisi. (Foto: Neto Macedo)

Além disso, o custo de vida na Geórgia é baixíssimo em relação a outras países, salvas as devidas proporções ao comparar cidades. Isso transformou Tbilisi em uma espécie de Meca para trabalhadores mobile. Há inclusive uma comunidade forte de expatriados e estrangeiros na capital. Alguns lugares como o Warsaw, Dive Bar, Fabrika, Rainers e outros são points de encontro dessa comunidade.

Ouvi de um amigo alemão que Tbilisi é a Berlim dos anos 70 e 80, ainda se recuperando de problemas do passado porém vibrante e cheia de pessoas fazendo arte, música, vida noturna, eventos diversos, etc.

Como conhecer pessoas novas em Tbilisi

Sabe como o Facebook não funciona no Brasil? É o contrário na Geórgia. A maioria dos eventos públicos, pagos ou não, são publicados lá e ficam à vista no calendário do Facebook para que você possa escolher participar ou não.

Além disso, muitos grupos de expatriados existem na mesma rede. Há grupos genéricos, para venda e troca, aprender e praticar línguas, de fotografia, etc.

O melhor jeito de conhecer pessoas em Tbilisi é participar desses eventos presencialmente e ficar ativo nos grupos do Facebook. Em geral, os expatriados que participam desses grupos são muito abertos e o povo Georgiano de maneira geral é muito receptivo com qualquer pessoa que eles conheçam que venha de um lugar diferente. Perdi a conta de quantos jantares inesperados fui convidado para estar presente.

Como brasileiro, posso dizer também que a nossa nacionalidade é sempre motivo de curiosidade por parte dos nativos. Ser brasileiro não vai te garantir milhares de amigos instantâneos, mas é sempre um bom tópico para puxar assunto e trocar figurinhas sobre a cultura e hábitos de cada um. Muitas de nossas novelas foram e são exibidas na Geórgia, além do nosso futebol, e por isso creio que em geral os georgianos tem um interesse especial pelo nosso país. Retribua este interesse também aprendendo sobre a cultura e vida Kartveliana.

Uma vez pegando um táxi na madrugada fui surpreendido por um motorista que não falava uma palavra de inglês, mas citou todas as escalações da seleção brasileira desde 1950 quando falei as palavras mágicas: “me var brasilieli”.

As melhores regiões para se viver

A principal Avenida de Tbilisi é a Shota Rustaveli. Ela corta todas as “áreas de interesse” da cidade. O que quero dizer com áreas de interesse é onde se localizam os bares, museus, teatros, shoppings, comércio, bairros tradicionais, etc.

Esta avenida começa na Freedom Square e termina no metrô Medical Square. O nome da avenida muda mas considero para termos práticos ser a mesma avenida. A região mais central é a parte que compreende o trecho entre a Freedom Square, a praça 26 de Maio e a Trinity Church (fazendo um triângulo no mapa).

Mapa da area central de Tbilisi

Área central de Tbilisi, onde as coisas acontecem.

O metrô possui duas linhas. Uma delas acompanha toda a Rustaveli e avenidas contínuas até a parte norte da cidade e a outra te leva ao fim do região de Saburtalo. O bairro mais moderno e mais chique é a região de Saburtalo, principalmente as áreas mais próximas do metrô Technical University. Lá tem muitas lojas e restaurantes hype, além de ser uma região residencial mais nobre.

É possível morar nas áreas mais badaladas e centrais por valores muito bons, dependendo de sua exigência de conforto, proximidade com metrô e disponibilidade para dividir ou não apartamento. Por isso (e por experiência própria) penso que não vale a pena morar muito distante do centro, pois o preço não costuma cair muito e o metrô e ônibus deixam de funcionar à meia-noite (com exceção de sábado). O que você economizaria morando em lugares mais distantes, você gastará pagando táxis no meio da madrugada. Eu pessoalmente morei em Sarajishvili (veja no mapa) e acabei vendo que era melhor pagar um pouco mais para morar no centro.

Marjanishvili é uma região coberta pela linha de metrô e muito próxima ao centro. Também é uma área um pouco mais residencial, que costuma ser bem quieta à noite, com exceção dos arredores da Fabrika. Morei lá durante todo o tempo que fiquei na Geórgia na Egnate Ninoshvili Street.

Dzveli começa perto da região da Freedom Square e se alonga até se transformar em Vake Park. Toda esta região também é residencial e calma durante a noite mas mesmo assim perto do centro. Ressalva para o bairro de Vake, que não possui estação própria de metrô.

Todas as regiões citadas acima são bem supridas de serviços básicos de mercado e transporte, além de próximas da região central. Se você ainda assim encontrar aquele lugar especial não tão perto do centro, não tenha medo. É muito barato comprar uma scooter usada elétrica ou a gasolina em Tbilisi e você não precisa de carteira para dirigir este tipo de veículo.

Se você escolher morar perto da Freedom Square, Metrô Marjanishvili e Rustaveli, a possibilidade de andar a pé pode até mesmo ser considerada. A cidade de repente se torna muito pequena e fica fácil chegar a qualquer lugar gastando somente a sola do sapato (ou pagando 2-3 lari usando um app de táxi).

Linhas de metrô em Tbilisi

Desenho geral das duas linhas de metrô em Tbilisi.

Já que falei de transporte, vou esmiuçar melhor o assunto abaixo. Só tenha em mente que não posso falar por outras cidades da Geórgia. Só morei na capital.

Transporte em Tbilisi

Tbilisi possui uma rede de metrô subterrâneo (bem subterrâneo), ônibus e marshutkas que funciona muito bem. A maior parte da cidade é coberta pelo metrô e mesmo a maioria dos bairros sem estação própria possuem várias linhas de ônibus e marshutkas.

As marshutkas são vans amarelas que rodam por toda cidade e podem ser paradas em qualquer ponto (com exceção de avenidas muito movimentadas).

Todo o transporte público é oferecido a preços baixíssimos: ônibus e metrô por 0,50 lari e as marshutkas 0,80 lari por viagem.

Para usar o transporte público você pode pagar diretamente aos motoristas dos ônibus e/ou marshutkas e no caso do metrô comprar uma passagem nos guichês nas estações. Mas o mais fácil é comprar um cartão de transporte público por 2 lari (nos guichês de metrô sempre tem) e fazer uma recarga no valor desejado. Os cartões de transporte funcionam em qualquer veículo público da cidade.

Além do transporte público, em Tbilisi pode-se sempre chamar um táxi na rua. Eles estão por toda parte e qualquer viagem dentro da região central/nobre da cidade não costuma ficar por mais de 5 lari. No entanto isto só é válido se você fala Georgiano. Ao abrir a boca para emitir sons em qualquer língua que não a local os preços sobem drasticamente. A solução é usar um dos apps de táxi disponíveis para Tbilisi: o Yandex e o Taxify.

O Yandex costuma ter preços menores (cansei de fazer viagens de 2-3 lari), carros mais velhos e motoristas mais mal educados. O Taxify costuma enviar carros mais novos e a chance do motorista falar inglês é maior. No Yandex e nos táxis fora dos aplicativos é também grande a chance do motorista vir acompanhado de um cigarro na boca e uma baforada leve de fumaça na sua cara.

Trânsito em Tbilisi

Se por acaso você decidir seguir meu conselho e comprar uma scooter ou achar que seu negócio é mesmo subir em uma bike e se transportar pela cidade, ótimo! Isso quer dizer que você realmente não tem medo de morrer e adora adrenalina.

O trânsito de Tbilisi é completamente caótico. Regras de trânsito foram feitas para o resto do mundo, não para o Georgiano comum. Atrás do volante eles se tornam máquinas competitivas onde quem pega o espaço primeiro ganha. Faixas que separam mão e contramão estão lá só como decoração e se o espaço para estacionar é pequeno, basta enfiar a frente do carro em cima da calçada. Os pedestres que passem por cima do seu carro.

Carro batido em Tbilisi

É comum ver carros batidos nas ruas. As pessoas nem se dão ao trabalho de consertar pois estão sempre batendo seus carros. (Foto: Neto Macedo)

E lembre-se sempre se você quer andar de moto ou bike: capacete é aquele artefato projetado para manter intactas as feições do defunto. Não que isso importe muito: eu vivi meses em Tbilisi me locomovendo praticamente só de bicicleta, costurando pelo trânsito.

Falando em bicicletas, se você precisa de ciclovias e trânsito organizado para andar na sua bike, não tenha uma bike em Tbilisi. Esqueça também seu sonho pueril de pedalar uma bike fixa. A Geórgia é construída sobre morros e penhascos. Use uma bike com sistema de marchas.

Pontos interessantes para se visitar em Tbilisi

Vou listar abaixo alguns pontos que acho interessantes para se visitar na capital. Entretanto como o objetivo aqui é ajudar pessoas que querem passar um longo tempo na Geórgia, vou ser mais raso nesta parte e deixar para que você mesmo explore a cidade quando estiver por lá.

  • Shota Rustaveli Avenue
  • Freedom Square
  • A cidade velha e o teleférico
  • Warsaw
  • Dive Bar
  • Fabrika
  • Lisi Lake
  • Mziuri Park
  • Bridge of Peace
  • Tbilisi Funicular
  • Mtatsminda Park

Tbilisi

Segurança: a Geórgia é perigosa?

Com tantos lugares para se visitar e estando perto de regiões com conflitos bélicos você pode se perguntar: é seguro ir para a Geórgia? A resposta é sim. Absolutamente.

Nunca me senti inseguro em nenhum lugar por onde passei dentro do país. Li e me contaram que 20 anos atrás as taxas de criminalidade eram altas, principalmente nas cidades grandes. Hoje as taxas de crime estão sob controle em todo o país e o sistema de educação avançou muito. A corrupção também não é mais um problema grande como nos tempos soviéticos.

Como um brasileiro que conhece o Brasil e todos os problemas de segurança de suas principais capitais posso dizer com segurança: Tbilisi é extremamente segura.

Se a sua dúvida é em relação à segurança contra guerras e conflitos, por causa das duas regiões ocupadas (Abkhazia e Samachablo/Ossétia do Sul), o que posso dizer (e que ouvi de georgianos) é que estas regiões estão estáveis e não há nenhuma tensão no momento. Mesmo assim a embaixada brasileira não recomenda que visitemos estas regiões (apesar de possível).

Tbilisi

E para mulheres, é perigoso? E homoafetivos?

De maneira geral a Geórgia é um país conservador. A Igreja Ortodoxa Georgiana é a instituição que rege a maioria dos valores de todas as famílias e, pelo menos comparado ao Brasil, posso dizer que a maioria das pessoas, principalmente no interior, seguem estes preceitos.

Isto quer dizer que, salvo exceções, as mulheres devem ficar em casa cuidado dos filhos e o homem é quem deve trabalhar. A mulher tem menos liberdades informais que os homens assim como no Brasil (aqui, de maneira bem mais branda comparativamente). Isto é especialmente mais verdadeiro no interior do país.

Mesmo assim, a sociedade georgiana tem mudado muito ao longo da última década, depois da abertura, e há uma aproximação cada vez mais forte a valores mais progressistas.

Eu particularmente vivi uma Geórgia muita moderna, pois frequentava os círculos mais modernos de artistas e expatriados. Nestes círculos nunca percebi nenhum machismo ou oposição aos direitos dos homoafetivos que não perceberia no Brasil ou em países tão conservadores quanto. Mesmo assim, tenho certeza que isto pode mudar um pouco em círculos mais tradicionais da sociedade e no interior do país.

Para as mulheres o que posso dizer, a partir de informações obtidas de amigas mulheres de várias nacionalidades, é que o homem georgiano em geral sempre é muito propenso a fazer elogios às mulheres não só em baladas e eventos, mas também a desconhecidas na rua. Estes elogios podem se tornar bastante insistentes e você deve fazer de tudo para expressar sua negação, talvez até extrapolando um pouco as normas de polidez. Estas investidas nunca passam desses elogios (salvo exceções mais raras). Essa insistência se compara um pouco com o que acontece no Brasil, em grau levemente maior.

Como mulher estrangeira você também deve esperar ser vista como uma pessoa mais liberal que as mulheres do país (isso na cabeça do georgiano médio). Se você tiver tatuagens grandes à mostra ou se vestir de maneira muito fora do padrão esse fator se intensifica.

Em relação à indivíduos homoafetivos, vou começar citando a recomendação da embaixada brasileira:

“No ano 2000 foi feita emenda que descriminalizou a conduta homossexual na Geórgia, entretanto não há previsão legal para uniões estáveis ou casamentos homoafetivos. Em 2014 foi aprovada lei antidiscriminação no país, mas a não tipificação do crime de homofobia no Código Penal impede o levantamento e a tabulação de dados sobre o assunto, gerando a escassez de estatísticas quanto a punições.

Todavia, tendo em vista o quadro geral de intolerância da sociedade georgiana em relação à orientação sexual homoafetiva, sugere- se, à comunidade brasileira LGBT, empregar a cautela pertinente em situações dessa natureza, como, por exemplo, se abster de fazer demonstrações públicas de afeto.”

Em resumo, há muito pouco tempo deixou de ser crime ser homossexual na Geórgia e a sociedade ainda é conservadora. Ainda assim, as coisas estão mudando.

A boa notícia é que aplicativos como o Grindr funcionam a todo vapor na Geórgia e a comunidade LGBT existe e tem seus eventos normalmente. Não é difícil descobrir os lugares legais para se frequentar quando se é homoafetivo na primeira conversa com outro LGBT nativo. Onde encontrá-los? Em lugares gay friendly como o Bassiani Nightclub e o Success Bar. Cheguei a visitar o último e garanto que é um lugar muito interessante pra passar uma noite, seja você homoafetivo ou não.

De qualquer forma, não custa repetir: esses comportamentos mais conservadores só acontecerão em círculos mais tradicionais da Geórgia, raramente com nativos que já tenham morado fora ou em lugares considerados redutos de expatriados.

Custo de vida e valores

É difícil falar sobre custo de vida geral sem ter vivido por anos no país. Por isso, preferi listar aqui os valores dos principais gastos que tive enquanto estive morando no país.

Quarto em Tbilisi

Quarto onde morei na região de Marjanishvili, dividindo a casa com um americano, um sueco e um georgiano (era uma casa grande) e pelo qual tomei referência para o preço abaixo. (Foto: Neto Macedo)

Preferi fornecer a maioria dos preços em lari (a moeda local, representada com ₾) para que as flutuações do câmbio brasileiro não deixem o artigo datado de maneira muito rápida.

  • Aluguel: $170-200 (450 lari) por um quarto de casal em Marjanishvili em uma casa grande, 100% mobiliada e bem localizada
  • Gastos mensais de energia, água, gás e internet: 30 lari por mês
    Lobiani, hot dog, khachapuri em bancas de rua: 1-2 lari
  • Khachapuri Adjaruli em restaurante (alimenta 2-3 pessoas): 7-10 lari
  • Copo de chope: 4-6 lari
  • Garrafa de vinho de boa qualidade tinto seco: 7-12 lari
  • Feira da semana em supermercado para duas pessoas (não sou particularmente econômico): 40-50 lari
  • Feira da semana em feiras de rua: 25-40 lari
  • Táxi dentro da região central via app: 2-3 lari
  • Táxi da região central para áreas fora via app: 4-6 lari
  • Táxi da região central para áreas longínquas via app: 9-12 lari
  • Combo Big Mac: 13 lari
  • 1 Litro de Leite: 3-4 lari
  • 500g peito de frango: 5-6 lari
  • 1kg de maçãs: 2,5 lari
  • 2L Coca-cola: 3,5 lari
  • Pão Puri para duas pessoas: 0,6 lari por dia
  • Jantar básico para duas pessoas: 50 lari

Importantes observações:

  • Quando estiver lidando com estrangeiros se acostume a ver o valor das coisas ser apresentado em dólares. Isto quer dizer que a pessoa espera receber o valor em dólares americanos e não o valor convertido em lari. Vá a uma das centenas de casas de câmbio espalhadas pela cidade e faça a conversão.
  • Contratos devem estar em georgiano e inglês para ser válidos. Nunca só inglês. Você pode pedir um contrato em dois idiomas. Dependendo do arranjo com o proprietário do imóvel que você alugar, o acordo pode ser informal/verbal, principalmente se for uma pessoa mais simples/que não fala inglês. Normalmente se paga o mês adiantado e no primeiro mês é cobrado um aluguel extra que é devolvido quando o inquilino deixa o imóvel. Este valor extra é uma segurança caso você estrague alguma coisa no imóvel.
  • Comer fora é extremamente barato e fica difícil para os mais preguiçosos querer cozinhar qualquer coisa em em casa. É muito barato e fácil comer na rua. Mas se sua escolha for cozinha em casa, vale muito a pena comprar suas verduras e frutas em bancas de rua. Elas estão espalhadas por toda cidade e sempre tem produtos frescos e, de maneira geral, orgânicos.

Quais outras cidades devo pesquisar além de Tbilisi?

A cidade mais cosmopolita sem sombra de dúvidas é Tbilisi, mas se você estiver em busca de vibes diferentes existem outras cidades na Geórgia tão interessantes quanto. Tudo depende de seus objetivos.

Para uma vida mais tranquila mas sem abrir mão de alguma vida noturna e serviços típicos de cidades grandes: Kutaisi.

Para morar na praia em uma cidade com um feeling mais leve, muitos turistas e ainda assim também mantendo o acesso à tudo: Batumi.

Para se isolar e escrever aquele livro, tendo acesso aos melhores vinhos, clima privilegiado, vida pacata mas restaurantes excelentes: Sighnaghi, na região de Kakheti.

Para viver a vida na natureza, explorar montanhas e vida selvagem, ver paisagens deslumbrantes, e virar um picolé no inverno: Mestia, na região de Svaneti.

É barato viajar dentro da Geórgia?

Depende, mas em geral a resposta é sim. Há marshutkas e trens para vários destinos e os preços costumam ser irrisórios. Como exemplo, paguei 1 lari para ir de marshutka a Mtzkheta (25 km de Tbilisi) e 12 lari para ir a Abastumani (250 km).

As viagens de trem costumam ter preços parecidos, mas não espere muito conforto e velocidade no transporte. Os trens são velhos e no estilo soviético: velhos, barulhentos, frios no inverno e insuportavelmente quentes no verão. Vale a pena pelas paisagens deslumbrantes.

As marshutkas geralmente são velhas, andam lotadas e parecem não respeitar muito as leis de velocidade e segurança na estrada. Não se estranhe se o motorista tomar um gole de Chacha (destilado local) e oferecer outro para o restante dos passageiros (risos).

A cultura

Apaixonante é a primeira palavra que me vem à cabeça. Como não sentir saudades das noites de cantoria sem fim, das músicas georgianas, do vinho e da comida e da hospitalidade do povo georgiano?

A Geórgia possui uma cultura milenar e os nativos de lá são (com razão) muito orgulhosos de sua cultura e de sua herança. Dá gosto de ver como jovens e velhos fazem questão de manter e passar pra frente todas as tradições. Talvez isso seja a razão da cultura local e do idioma terem sobrevivido imaculados à passagem de tantas guerras, invasões e controle de agentes externos.

Há um ditado em georgiano que diz: “um hóspede é um anjo enviado por Deus”. Isto define bem a cultura de hospitalidade da Geórgia, assim como a história abaixo.

Uma história que descreve a cultura Georgiana

Decidi visitar Abastumani, um spa de descanso incrustado dentro de um vale em montanhas no centro do país. Dentro da Marshutka descobri uma passageira falante de inglês e muito disposta a conversar e trocar idéias.

Não demorou muito para nos apresentarmos e eu descobrir que ela era Maya Todua, diretora do observatório astronômico de Abastumani. Eu e Georg (um amigo alemão) fomos convidados para um jantar mais tarde dentro da cidade científica do observatório. Passamos a tarde na cidade e à noite pegamos o teleférico que nos levaria ao topo da montanha para o jantar.

Esperávamos um jantar já planejado, onde fomos convidados unicamente pela oportunidade e pelo acaso, mas a verdade é que éramos o único motivo do jantar estar acontecendo. Ganhamos uma aula particular da da diretora do observatório e depois nos sentamos com professores/cientistas em um dos apartamentos acadêmicos para tomar vinho caseiro e comer comida Georgiana. Tudo improvisado, mas delicioso.

Participamos de vários brindes a tudo que se possa imaginar (a Deus, ao país, ao Brasil, à beleza das mulheres, etc) e ainda operamos um telescópio completamente embriagados, onde nos mostraram o planeta Saturno, felizes como guerreiros vitoriosos. No fim, ainda ganhamos uma carona até a porta de nossa pousada.

Culinária Georgiana

Khachapuri Vegetariano

Khachapuri Vegetariano

Ah, a culinária Georgiana! Dez entre dez turistas dirão que uma das melhores coisas na Geórgia é a comida e a cultura ao redor da mesa.

Os principais pratos são:

  • khinkali – parecidos dumplings chineses (mas não ouse dizer isso para um nativo)
  • khachapuri – o meu preferido, servido em diversos estilos. O meu preferido era o adjaruli, com queijo típico do país sobre massa de pão e um ovo cru jogado em cima do queijo fervente.
  • badrijani
  • lobio – caldo de feijão bem parecido como brasileiro, porém mais apimentado
  • lobiani – espécie de bolo recheado com massa de feijão
  • kebab – o mesmo preparado no resto do mundo
  • mtsvadi
  • satsivi

Não sou crítico culinário e por isso tenho dificuldades para descrever os pratos. Use o Google para artigos mais especializados, existem muitos deles. A cozinha georgiana é uma das mais subestimadas e pouco conhecidas. Deveria haver um restaurante georgiano em cada esquina do mundo.

Mesas postas na Georgia

Mesas sempre cheias de comida e copos. Acredite, fica bem mais bagunçado que isso. Fotografia feita antes das comemorações começarem. (Foto: Neto Macedo)

Prefiro dizer que além dos pratos deliciosos o que mais me encantou na culinária georgiana é a cultura que existe à mesa. Os encontros são sempre muito felizes, cheio de risadas, cantorias polifônicas e brindes para tudo e para todos, sempre organizados pelo tamada, o chefe de brindes da noite.

As mesas sempre abarrotadas de comida e copos de vinho, que parecem nunca acabar e sempre servidos em inúmeras opções. O meu favorito é o vinho tinto feito da uva saperavi, mas o mais interessante e único é o vinho âmbar, preparado em tonéis de barro, enterrados. São uma espécie de vinho mais primitivo e estão disponíveis em todo lugar, de restaurantes a mercados, além de que quase toda família costuma produzir vinho em casa também.

No vídeo abaixo essa cultura de mesa é bem representada. Você também pode assistir ao filme My Happy Family, na Netflix. Apesar de triste ele representa bem a cultura do país.

Um casamento na Geórgia

Lembra de minha viagem a Abastumani? Naquele dia acabei recebendo um convite para fotografar o casamento da filha de uma das professoras presentes no Jantar (sou fotógrafo de profissão). Acabei participando de uma cerimônia linda e creio que as fotos que fiz representam bem esta cultura de alegria à mesa típica do país.

Casamento Georgiano

Na tradição georgiana, o noivo “rouba” a noiva na casa dos pais e a leva pra igreja. (Foto: Neto Macedo)

Casamento Georgiano

Nessa foto o espírito dos georgianos à mesa é bem representado. (Foto: Neto Macedo)

Casamento Georgiano

Cantorias e mais cantorias. Todos cantam. (Foto: Neto Macedo)

Expressões úteis e alfabeto georgiano

Na Geórgia se fala Georgiano, um idioma único de alfabeto também único. É um dos 10 idiomas mais antigos ainda falados no mundo e parte das Línguas Cartevélicas (kartvelian em inglês), grupo de idiomas praticamente só falado dentro da Geórgia e arredores.

O idioma Georgiano não é particularmente simples e pode ser bem difícil de se aprender, principalmente se a ideia for falar corretamente. As palavras são formadas através de prefixos e sufixos que indicam o significado das palavras. Por exemplo, o nome do país em Georgiano, Sakartvelo (საქართველო) significa “lugar onde habitam os Kartvelianos”, sendo o prefixo “sa” e “o” adicionados ao radical “kartvel” o que montam o significado da palavra.

Você não precisa necessariamente falar Georgiano para morar na Geórgia, principalmente se pretender morar nas cidades maiores como Tbilisi, Kutaisi e Batumi. Na maioria dos serviços essenciais é sempre possível encontrar alguém que fale inglês básico a avançado. No restantes das situações mímica, Google Translate e a boa vontade do povo Georgiano sempre ultrapassam a barreira da linguagem.

Atenção: não confie muito no Google Translate pois ele ainda não funciona muito bem na hora de traduzir frases complexas para o idioma Georgiano.

Enquanto o idioma pode se mostrar bastante complicado, o alfabeto é extremamente simples (por mais que pareça o contrário para nós). A pronúncia das letras se dá exatamente como se lê e não há distinção de maiúsculas ou minúsculas. Meu nome, por exemplo, escrito e pronunciado da mesma maneira que em português, seria ნეთო მასედო (Neto Macedo). É somente uma questão de prática.

Gosto de dizer que o alfabeto Georgiano parece o alfabeto élfico (tengwar) inventado pelo Tolkien para sua trilogia d’O Senhor dos Anéis.

No começo pode parecer um monte de coraçõezinhos amontoados mas com a prática tudo começa a fazer sentido. Da mesma maneira que para um árabe b, d, q e p podem parecer as mesmas letras (bolinhas com palitinhos pra cima ou para baixo), o alfabeto Georgiano também se apresenta assim pra gente no início. Após algumas horas (ou semanas) de prática fica bem mais fácil perceber as diferenças.

Eu aprendi o alfabeto através do site Learn the Georgian Alphabet e através de prática enquanto morava no país.

Para morar na Geórgia recomendo muito que você aprenda o alfabeto. Isto pode te salvar de várias situações no dia a dia e te deixar menos dependente de nativos. Você será capaz de ler destinos de ônibus e marshutkas, além de conseguir captar palavras chave escritas em cartazes, anúncios, sinais, etc.

Você pode também fazer buscas em Georgiano no google (o que ajuda a encontrar coisas na Geórgia) e irá ganhar um alfabeto secreto para fazer anotações em diários secretos em sua própria língua e que poucas pessoas irão entender (risos).

Algumas expressões muito úteis em Georgiano são:

  • gamarjoba – გამარჯობა – Olá
  • kho, kargi, ara – ხრ, კარგი, არა – sim, ok, não
  • madloba – მადლობა – obrigado!
  • arapris – არაფრის – de nada!
  • gaumarjos – გაუმარჯოს – Saúde! (brinde)
  • me ar vitsi kartuli – მე არ ვიცი ქართული – eu não falo Georgiano
  • me var brasilieli – მე ვარ ბრასილიელი – eu sou brasileiro
  • laparakobs aq winme inglisurs? – ლაპარაკობს აქ ვინმე ინგლისურს? – Alguém aqui fala inglês
  • sad aris…? – სად არის… – Onde é…?
  • os números de um a dez: erti, ori, sami, otkhi, khuti, ekvsi, shvidi, rva, tskhra, ati.

Lembro que meus primeiros 10 dias na Geórgia foram passados morando com duas senhoras de idade. Elas me alimentavam a cada duas horas com tudo o que você pode imaginar (só comida boa). Como já disse, para o Georgiano é muito importante que o convidado se sinta bem.

No terceiro dia já não aguentava mais comer a cada duas horas e utilizei as palavras que sabia para expressar este sentimento. Disse um sonoro “ara mshia” (literalmente “não fome”) junto com um aceno de mão ao me oferecerem mais uma bandeja de um delicioso queijo e chá. Fui respondido com uma expressão de espanto por proferir palavras em Georgiano que não “gamarjoba” e como resultado fiquei 2 dias sem comer também (risos).

Os sobrenomes Georgianos são em geral terminados com Shvili e Dze, palavras que significam respectivamente filho (o primeiro no masculino e o segundo neutro). Por exemplo, Ani Giorgishvili significa Ani filho de Giorgi e Mariam Berodze significa Mariam filha de Bero. Sobrenomes patronímicos na Geórgia são resquícios de um hábito passado e não são mais utilizados hoje em dia para novos registros de nome. Por isso não quer dizer que seu amigo de sobrenome Marjanishvili seja mesmo filho de Marjani.

Há também outros tipos de sobrenomes e eles indicam de onde vem a família ou são relacionados à profissão. Há um artigo na wikipedia sobre isso.

Para saber mais sobre o idioma e aprender mais expressões, veja o vídeo completíssimo que o Marcus e a Valentina fizeram no seu canal:

Comunicação e idiomas úteis

Para resumir: já que aprender Georgiano pode não ser tão fácil, aprenda ao menos o alfabeto e expressões úteis do dia a dia. Esse esforço lhe trará resultados muito bons quanto ao jeito que os georgianos irão lhe tratar ao se apresentar. Não saber nenhuma palavra em geral não te faz ser uma pessoa muito carismática.

Saber Russo pode ser também muito útil. Devido à Geórgia ser um país ex-membro da URSS por décadas, o idioma Russo foi muito difundido no país, talvez de maneira forçosa, mas ainda assim difundido. É comum para todas as pessoas saber, senão um Russo fluente, pelo menos um Russo quebrado.

Fora essas duas línguas, não é seguro dizer que nenhum outro idioma seja especialmente útil na Geórgia. Fica aqui um terceiro lugar de honra talvez para o inglês, que é o idioma internacional corrente em negócios e no campo acadêmico. Falando inglês você conseguirá se comunicar na maioria dos hotéis, restaurante grandes, cidades turísticas, museus, etc.


As fotos do Neto Macedo que ilustram o post estão devidamente identificadas. Os mapas também foram preparados por ele. As demais fotos são minhas e eu as acrescentei só para colorir um pouco o post e para despertar em vocês o desejo de conhecer essa cidade linda que é Tbilisi.

Eu só posso agradecer ao Neto por esse post super completo! Não sei quanto a vocês, mas eu fiquei morrendo de vontade de embarcar pra Tbilisi amanhã mesmo! A verdade é que amei muito a cidade, tanto que ainda não consegui postar nada de lá por incapacidade de traduzir isso em palavras. Tenho em sonho de passar uma temporada por lá e sem dúvidas vou aproveitar essas dicas. Ou quem saiva eu resolva escrever um livro e volte a Sighnaghi

Confiram o trabalho dele no site Neto Macedo e no seu instagram.

Veja todos os posts da minha viagem à Geórgia no Viaggiando.

31 Comments

  1. Txto agradável e com informações úteis. Ainda mais sobre um local tão exótico e estranho para brasileiros. Agradeço por compartilhar isso. A música do vídeo é linda.

  2. Muito show o artigo, será que as mulheres georgianas gostam de brasileiros, 😂😂espero que sim 😉. Poderia comentar.

  3. Quais são os empregos? É possível arrumar trabalho na Geórgia? Quais são os mais comuns?

  4. Ow beleza mas o que há de mais importante seria saber sobre empregos para pessoas do Brasil como eu que quer ir e trabalhar, tanto sub-empregos como empregos na área da saúde por exemplo

  5. Oi, que tipo de trabalho é possível um brasileiro realizar na Geórgia; como morei muito tempo na Irlanda, ministro aulas de inglês como alternativa de trabalho. Será q seria possível fazer isso lá e viver dessa forma; aproveita pra dizer se eles são pet-friendly, pois se eu fosse levaria duas cachorras, tb pretenderia morar sozinha, não tenho mais paciência pra dividir, uma kitinete seria perfeito…….

  6. Carlos Santos

    Pelo texto eu percebi que a Georgia não seria uma opção como país para se praticar o inglês. É que países de língua inglesa está tão inviável por causa da diferença cambial que estou buscando por opções mais baratas (Geórgia, por exemplo) mas que haja um uso mais efetivo do inglês.

  7. Que legal essa leitura!!!
    Ano que vem vou me jogar no mundo, numa trip RTW, e Geórgia é um dos meus foco principal, quero muito ficar aí muito tempo, não sei quanto!
    Mas gostaria de ter amigos aí, principalmente falar portugues num lugar assim seria o máximo kkkk
    Valeu brothers, me sigam no canal, irei fazer videos diários dessa aventura!
    https://www.youtube.com/diariodopresi

  8. ola adorei seu texto, mais se puder , me explicar , quanto e o aluguel de uma casa bem localizada, , mais pode ser pequena, sou trazer e gostaria de passar 6 meses nesse pais maravilhoso, mais quero ir nos melhores meses de de maio a outubro…

    • Camila Navarro

      Carlos, sugiro que você pesquise o tipo de imóvel que deseja em sites especializados. O Airbnb pode ser um bom começo para ter uma noção de preços.

  9. Valeu pelas informações que nos deu. Elas aguçaram meu desejo de conhecer este país.

  10. Excelente texto, tudo muito bem objetivo, um dia se possível irei visita Tbilisi.

  11. Jairo Dezorzi

    Parabens Neto e Camila,esse tipo de artigo e excelente, pois entra na essencia do povo Georgeano, Recentemente consegui um filme chamado Tangerines, feito por um cineasta da Estonia que retrata a regiao norte Ossetia. Uma produção simples mas verdadeira.
    Abraço e mais uma vez parabens

  12. Muito legal, se puder informar sobre grupos e brasileiros residentes agradeço.

  13. Olá, tudo bem? Meu sonho é viver na Geórgia em especial na cidade Tbilisi. Porém não sei por onde começar, não tenho amigos que moram lá. Será que vocês podem me ajudar com dicas de como fazer? Por favor eu aguardo uma resposta. Grata

    • Camila Navarro

      Michele, o post traz justamente as dicas que você procura.

    • Q legal!!!!
      Eu tenho 67 anos e tbm tenho este sonho. Já vivi em Portugal, mas o Euro atualmente está inviável.

    • Oi. Obrigada Camila e Neto, amei o texto, as dicas, a música !
      Quero passar 1 ano na Geórgia, como estão seus planos Michele? Já viajou ? Quem quiser trocar idéias podemos conversar. Abraços.

      • Gilmara Gomes

        Oi!!
        Meu nome é Gilmara. Tudo bem? Tbem tenho interesse em ir pra Georgia. Vce ja viajou ou ainda pretende ir? Estou procurando pessoas porque pretendo viajar sozinha e não entendo nada de georgiano. E viajar com outras pessoas é sempre melhor.

        • Eu estou com ideia de conhecer a Georgia e passsar um tempo la depois de passarmos por esta pandemia .
          Bora?

  14. Só queria destacar a sensibilidade do Neto ao incluir informações sobre a segurança de mulheres e LGBTs na cidade. Obrigado!

  15. Acho que ortografia mais adequada para seu nome em georgiano é ნე-ტ-ო como no cartão da biblioteca. Há uma diferença entre as letras ტ e თ, apesar de transliteração de ambas com t em português

  16. Opa! Devido há o grande tempo que se pode ficar como turista (1 ano) a necessidade de um voo de saída do país é necessário?
    Trabalho como freelancer então, estava afim de ir para um país mais seguro e próximo para fazer alguns viagens para os principais países europeus (rsrs), e a Geórgia se encaixou perfeitamente, só queria tirar esta dúvida.

    • Camila Navarro

      Yuri, eu entraria em contato com a embaixada (o Neto até colocou o link no texto) para tirar dúvidas como essa e não correr o risco de chegar lá sem a documentação necessária.

  17. Julia Boechat

    Obrigada pelas dicas, mas não posso deixar de comentar: quando um desconhecido fala sobre você na rua, não são elogios, é assédio mesmo. Quando é uma vez é assédio, quando ele insiste e você tem que negar repetidamente é assédio persistente.

    • Camila Navarro

      EU concordo, Julia. Você percebeu isso também na Geórgia? Provavelmente por eu ter ido com meu marido, não sofri assédio em Tbilisi, mas teve um episódio bem surreal em Mestia que ainda pretendo contar aqui no blog.

  18. PEDRO HENRIQUE CARVALHO

    Poxa, eu por acaso esbarrei com 1 canal de pegadinhas ( pranks) e fui ver. Dai percebi que tinha uma linda praia por tras, um sol que nao parecia o absurdo do RJ mas era um sol bonito, gente andando na rua, homens de maos dadas, mulheres de maos dadas, homens sozinhos, mulheers sozinhas, com burca ou ate de bikini ou shortinhos ( tipo brasil ), gente com cabelo colorido. Uma diversidade que as vezes só consigo ver aqui em Vitoria – ES em casas noturnas alternativas e olhe la.

    Me apaixonei pelo local, o baixo custo de vida, me deixou mais animado ainda. Mas como tenho 1 filha pequena, nao sei se é seguro ir com familia. nao achei mta coisa sobre educação e talz ainda. mas tbm nao tem proble,a é tudo um plano para os proximos 10 ou 15 anos rsrs.

    Esse é o melhor artigo que achei sobre Georgia. Obrigado

    • Camila Navarro

      Oi, Pedro! Que bom que o post te ajudou a conhecer um pouco mais da Geórgia. Quem sabe você dá um passeio por lá antes de se decidir a ir de vez? É um país muito bonito e hospitaleiro.

  19. Uau! Todas as infos aqui estão sendo de grande utilidade pra mim.
    Fico contente que ambos tiveram e seguiram a intuição de compartilhar suas experiências em Geórgia, tanto como turista ou residente temporário.
    Já estava procurando obter respostas para várias dúvidas que surgiram ao saber sobre a possibilidade de nós irmos pra lá e passar um tempo curto, porém mais que 90 dias.
    Agradeço por terem me ajudado nessa busca por respostas e tudo dando certo de termos a chance de morar lá, compartilharei um pouco da experiência nossa também.
    Abs

    • Camila Navarro

      Gledys, comentários como o seu é que me fazer continuar publicando conteúdos de destinos que não interessam a muita gente. Obrigada!

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