Brunei foi um dos países que me deram trabalho no Projeto 198 Livros. Minhas pesquisas, repetidas ao longo dos anos, pareciam infrutíferas. Na verdade eu logo encontrei um romance cuja história se passava no país, mas eu tinha a impressão de que era um livro muito juvenil que não se encaixaria bem no projeto. O livro em questão era Written in Black, do escritor K.H. Lim. Continuei procurando até que, por falta de outras opções, me decidi por ele mesmo. Como geralmente acontece, acabei descobrindo que meu preconceito era infundado.
Written in Black acompanha alguns dias da vida de Jonathan Lee, um menino de 10 anos cujo avô acaba de morrer. Sua situação familiar está bem conturbada no momento. A mãe está na Austrália fazendo um tratamento médico, mas há meses ele não tem contato com ela e também não consegue informações precisas sobre a estranha viagem. Ele não tem uma boa relação com o pai e seu irmão mais velho foi recentemente expulso de casa. Então o garoto escapa do funeral de seu Ah Kong e começa uma peregrinação por Brunei na esperança de encontrar o irmão, após descobrir que ele tem tido contato com a mãe.
É claro que a experiência de Jonathan será repleta de aventuras. Brunei, que compartilha a Ilha de Bornéu com Malásia e Indonésia, é um dos menores países do mundo, com uma área igual ao do Distrito Federal. Eu não saberia apontar os caminhos que Jonathan percorre, mas imagino que o garoto deve ter viajado por quase todo o país em sua jornada. E, como ele mesmo aponta, onde praticamente não existe transporte público ou serviço de táxi. Não sei se essa situação é real ou se perdura, mas a história transcorre em um passado recente, pois é no Facebook que ele descobre o paradeiro do irmão.
A família de Jonathan é de origem chinesa e gostei de acompanhar parte dessa cultura especialmente através dos rituais funerários de seu avô. A etnia chinesa é minoria em Brunei, cuja população é de maioria malaia. O malaio inclusive é a língua oficial do país. Eu sabia vagamente que se tratava de um sultanato, mas não sabia que o Islã é a religião oficial de Brunei e que lá adotam a xaria (lei islâmica). A verdade é que eu sabia pouco ou quase nada sobre o país.
Talvez a causa sejam as minhas baixas expectativas, mas minha experiência de leitura de Written in Black foi melhor do que eu esperava. O livro tem uma dinâmica fluida e em muitos momentos é divertido, apesar de Jonathan, como quase todo personagem de sua idade, às vezes parecer muito precoce ou inocente. E, como quase sempre acontece, ao pesquisar sobre o livro acabei conhecendo um pouco da História e da cultura do país. Valeu a pena!
Written in Black foi publicado originalmente em inglês, em 2014, pela Monsoon Books.
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Mais uma experiência boa, como novas descobertas. Muito obrigada, Camila, por dividir conosco mais uma aventura literária!
Obrigada por acompanhar de perto essa jornada, Cris!