Yerevan, a capital da Armênia

Faz quase 10 anos que fui à Armênia. Na época publiquei diversos posts, falei das questões práticas e dos destinos que conhecemos no interior do país, mas nunca escrevi sobre Yerevan. Então uma leitora (oi, Mathilde!) recentemente deixou um comentário me perguntando o que eu recomendaria visitar na cidade. Em vez de responder só para ela, por que não deixar essas lembranças públicas, não é mesmo?

Yerevan não ficou de fora dos posts antigos porque não gostei de lá. Eu deixei as capitais por último, o tempo para o blog foi ficando mais escasso e no fim faltaram as capitais da Armênia e da Geórgia. Hoje, mesmo com anos de atraso, resolvo uma dessas pendências.

Chegamos a Yerevan no trem noturno vindo de Tbilisi. Estávamos no meio do feriado de Páscoa e a cidade estava bem vazia. Depois de deixar nossas coisas no hotel e descansar um pouco, saímos andando sem rumo certo. Tínhamos uma noção de onde ficavam os pontos turísticos na região central, mas passamos reto por eles. Ficamos apenas admirando a arquitetura e aproveitando as ruas de pedestres que encontrávamos.

A caminhada acabou nos levando à maior atração de Yerevan: a Cascata. É uma construção enorme que começou na década de 70, quando a Armênia fazia parte da União Soviética. A obra foi interrompida diversas vezes e ainda não foi terminada. Em seu topo há um monumento em comemoração aos 50 anos Revolução de Outubro. (Encontrei uma notícia recente sobre uma votação online que a prefeitura de Yerevan promoveu para a escolha entre duas propostas de modernização e finalização do complexo.)

A Cascata é o ponto turístico mais visitado de Yerevan e nós reforçamos essas estatísticas, pois estivemos lá todos os dias! É um passeio delicioso. Na base há um misto de praça e museu ao ar livre com diversas obras de arte, inclusive algumas do colombiano Fernando Botero. Elas faziam parte da coleção de Gerard Cafesjian. Filho de armênios expulsos pelo genocídio, ele foi o responsável pela retomada das obras do complexo em 2001.

Cascata - Yerevan

Subir os 572 degraus da Cascata não é uma tarefa difícil. Se bater o cansaço, ao longo do caminho é possível parar em um dos cinco terraços. E em cada patamar há mais obras de arte. Acho que um dos terrações inclusive abriga um museu.

Não bastasse tudo isso, do alto a Cascata nos proporciona uma fantástica vista de Yerevan. A grande estrela da paisagem fica fora dos limites da cidade, ou melhor, dos limites do país. É claro que estou falando dele, o Monte Ararat, símbolo nacional da Armênia que desde a Guerra Turco-Armênia de 1920 faz parte do território da Turquia. No primeiro dia o céu estava muito nublado e não tivemos a melhor vista, mas teríamos outras oportunidades para apreciá-la.

À noite, depois de uma breve chuva, demos mais uma volta na Praça da República. O chão ainda estava molhado e deixava tudo mais bonito sob a iluminação amarela. Chegamos lá a tempo de ver uma performance coletiva que acreditamos ser em comemoração à Páscoa. Várias pessoas seguravam velas e formavam uma imagem que era vista de cima.

No dia seguinte pela manhã fizemos um passeio a Garni e Geghard, mas à tarde voltamos a bater perna por Yerevan. Depois do almoço, lá fomos nós de novo para a Cascata, dessa vez com céu azul. Mas, apesar do dia lindo, fotografar o Ararat se mostrou novamente uma tarefa difícil. ou seja, faltaram mesmo foram dotes fotográficos.

Voltamos para hotel caminhando com calma. Era domingo e, ao contrário do dia anterior, as ruas estavam lotadas. Havia muitos jovens e famílias com crianças passeando. A atmosfera nas ruas era sempre muito legal e por isso gostamos tanto de simplesmente andar pela cidade.

Quando percebemos, estávamos perto da Catedral de São Gregório, o Iluminador, então fomos até lá. Ela foi inaugurada em 2001 para celebrar os 1700 anos de conversão da Armênia ao catolicismo. Acredito que ela seja a maior igreja do país. Seu tamanho realmente impressiona. Tanto a igreja quanto o parque ao lado também estavam lotados naquele domingo.

Estávamos a poucas quadras da Praça da República, mas ali já podíamos ver aqueles prédios residenciais enormes que normalmente associamos à arquitetura soviética e  também casas mais simples. E o Ararat continuava lá, onipresente na paisagem, de onde quer que se olhe em Yerevan.

Então nós viajamos para Goris, no sul da Armênia, que foi base para alguns passeios muito legais. Ficamos fora de Yerevan por três dias e quando voltamos a cidade parecia outra! A temperatura tinha subido alguns graus e acho que só isso foi suficiente para deixar as pessoas mais felizes. Era como se a primavera enfim tivesse chegado!

Nesse dia ainda escapamos novamente de Yerevan para um bate e volta ao Mosteiro de Khor Virap, mas deu tempo de passearmos mais um pouco. Não vimos nenhum lugar novo, apenas voltamos aos pontos de sempre, mas que naquele dia estavam com um astral diferente.

À noite saímos para aproveitar nossas últimas horas na cidade. Se a tarde tinha nos trazido boas surpresas, a noite foi ainda melhor. Era quinta-feira e as ruas estavam lotadas. E as fontes da Praça da República estavam ligadas, com direito a um espetáculos de luzes e som. Que sorte tivemos! Imaginei como Yerevan deveria ficar ainda mais legal uns meses depois.

Na manhã seguinte nós seguimos de volta para a Geórgia, mas não sem antes conhecer mais um pouco da Armênia no tour Enlinking Caucasus. Fomos embora levando muitas lembranças do país, especialmente de seu povo extremamente simpático.

Um lugar que gostaríamos de ter conhecido em Yerevan é o Museu do Genocídio Armênio, mas ele estava fechado. Nós estivemos na Armênia dias antes do 100º aniversário do início do genocídio e ele estava sendo preparado para a ocasião. Mas há diversos outros museus e igrejas na cidade que com certeza merecem a visita. Nós é que estávamos a fim de ficar mais ao ar livre.

Para finalizar, já falei aqui sobre a culinária armênia, incluindo os restaurantes que conhecemos. E também deixei minhas dicas de hospedagem em Yerevan e em Goris.

Com certeza meu post não serve como um guia de Yerevan, Assim como é esse blog desde o início, só posso falar do que vivenciei. Mas mesmo sem conhecer a maioria das atrações, nossa ida até lá valeu muito a pena. A Armênia conseguiu cativar um lugar especial no meu coração.

Veja todos os posts sobre a Armênia no Viaggiando!

One Comment

  1. Cristiane Xerez

    Adorei ler suas memórias dessa cidade tão interessante!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.